O líder máximo da rede terrorista Al-Qaeda e idealizador dos atentados de 11 de setembro de 2001, Osama Bin Laden, foi morto na madrugada de domingo para segunda-feira em uma operação de forças especiais dos Estados Unidos no Paquistão.

Uma década depois dos ataques mais violentos no território continental americano, o homem mais procurado do mundo morreu 80 km ao norte da capital paquistanesa de Islamabad, na cidade de Abbottabad.

Ao tomar conhecimento da notícia, milhares de americanos invadiram as ruas e lotaram a Times Square em Nova York até as áreas próximas da Casa Branca para celebrar o maior triunfo americano nos 10 anos de guerra contra o terrorismo.

“Boa noite. Esta noite, posso anunciar ao povo americano e ao mundo que os Estados Unidos conduziram uma operação que matou Osama bin Laden, o líder da Al-Qaeda, e um terrorista que é responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes”, declarou Obama em seu pronunciamento solene à nação na Casa Branca.

Bin Laden, nascido em 1957, foi assassinado na residência fortificada em que estava escondido. Na operação, que foi planejada após meses de reuniões de Obama com um reduzido grupo de assessores, outras quatro pessoas morreram, mas nenhum americano ficou ferido.

Além de Bin Laden, morreram o mensageiro do líder terrorista, o irmão deste, além de um filho adulto do líder da Al-Qaeda. Uma mulher, que teria sido usada como escudo, também faleceu na ação.

O corpo de Bin Laden foi sepultado no mar, seguindo os critérios dos rituais muçulmanos, para evitar a criação de um santuário, informou uma fonte do governo americano.

Mas o Islã é contra sepultamentos no mar, afirmou um porta-voz do centro Al-Azhar, alta autoridade intelectual do islã sunita.

“Se é verdade que lançaram seu cadáver ao mar, o Islã é completamente contrário” a isto, declarou à AFP Mahmud Azab, conselheiro do grande imã Ahmad Al-Tayeb para o diálogo interreligioso.

A ‘fortaleza’, localizada em agosto de 2010, ocupa um terreno oito vezes maior que as outras mansões do bairro, possui medidas de segurança extraordinárias, muros de mais de cinco metros de altura com arame farpado e duas entradas reforçadas, segundo fontes americanas.

“Justiça foi feita”, afirmou Obama, que autorizou na sexta-feira a operação, que durou 40 minutos.

Com a divulgação da notícia, que se propagou com velocidade vertiginosa pelas redes sociais da internet como Twitter e Facebook, o Departamento de Estado pediu extrema cautela aos americanos no exterior.

“Os terroristas quase com certeza tentarão vingança. Nós devemos, e o faremos, permanecer vigilantes e resolutos”, disse o diretor da CIA, Leon Panetta.

O governo do Paquistão, que não foi informado sobre a operação, confirmou que a morte de Bin Laden aconteceu em uma ação dirigida diretamente pelos americanos.

Os canais de televisão paquistaneses divulgaram uma foto do suposto corpo de Bin Laden, mas depois admitiram o erro e informaram que a imagem não era autêntica.

A comunidade internacional recebeu com júbilo a notícia. As potências ocidentais felicitaram Washington pelo êxito, mas advertiram que a morte de Bin Laden não significa o fim da Al-Qaeda.

O secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen, pediu que a comunidade internacional não baixe a guarda e destacou que a Otan deve prosseguir com a missão na região para evitar que a área se transforme em “refúgio para o extremismo”.

Os talibãs paquistaneses aliados de Al-Qaeda prometeram vingar Osama Bin Laden, com ataques a alvos americanos e ao governo de Islamabad.

Nos fórum jihadistas as primeiras reações foram da incredulidade à revolta.

“Se for verdade, é um momento de vergonha para o povo paquistanês que não protegeu um herói do Islã”, escreveu uma pessoa não identificada em um fórum.

Os talibãs devem romper seus laços com a Al-Qaeda, afirmou a secretária de Estado, Hillary Clinton.

Até então, Bin Laden havia conseguido escapar das forças americanas, apesar da recompensa de 25 milhões de dólares por sua cabeça, e muitos acreditam que estava escondido em uma área inóspita na fronteira entre Afeganistão e Paquistão.

O fato de ter sido encontrado em Abbottabad, uma região onde vive parte da elite militar paquistanesa, levanta novas dúvidas sobre o compromisso do governo de Islamabad com a guerra contra o terrorismo ao lado de Washington.

Após a operação, as forças de segurança paquistanesas mobilizaram um amplo dispositivo na região. O complexo que abrigava Bin Laden parecia ser uma imponente mansão de três andares cercada por muros.

“A morte de Bin Laden é uma vitória para os Estados Unidos”, reagiu o ex-presidente George W. Bush (2001-2009), cujo mandato foi marcado pelos atentados nos Estados Unidos de 11 de setembro de 2001, que provocaram quase 3.000 mortes em Nova York, Washington e Pensilvânia.

“A notícia da morte de Osana Bin Laden é um grande alívio para os povos do mundo. Osama Bin Laden era responsável pelas piores atrocidades terroristas no mundo”, declarou o primeiro-ministro britânico David Cameron.

Uma explosão de alegria tomou conta das ruas dos Estados Unidos.

“Nunca senti uma emoção igual em minha vida”, declarou John Kelley, um estudante de 19 anos, diante da Casa Branca.

“É algo que esperamos por muito tempo”, acrescentou.

“Os atentados mudaram Nova York, mas 10 anos depois nós tivemos a última palavra”, explicou Monica King, de 22 anos, em Times Square, Nova York.

bur-du/fp