14/09/2025 - 6:37
Presidente da Assembleia Geral da ONU diz que missões de paz seriam “mais necessárias do que nunca”. Vladimir Putin, porém, rechaçou diversas vezes possível presença de tropas ocidentais em solo ucraniano.A presidente da Assembleia Geral da ONU, Annalena Baerbock, afirmou que as forças de paz das Nações Unidas poderiam desempenhar um papel ativo no apoio a uma solução de paz para a guerra na Ucrânia. A hipótese da presença de tropas ocidentais em solo ucraniano, no entanto, foi diversas vezes rechaçada pelo presidente russo, Vladimir Putin.
“Se um acordo de paz for alcançado, deve ser garantido da melhor forma possível”, disse a ex-ministra do Exterior da Alemanha em entrevista publicada neste domingo (14/09) pelo jornal Bild am Sonntag.
“E, se a maioria dos Estados-membros decidir que os capacetes azuis [as forças de paz da ONU] também seriam necessários para isso, então será algo que, assim esperamos, poderá garantir uma paz duradoura”, acrescentou.
Tais missões de paz seriam “mais necessárias do que nunca, e não apenas em relação ao continente europeu”, afirmou Baerbock, que assumiu a Presidência da Assembleia Geral da ONU em 9 de setembro.
Kiev exige garantias de segurança
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, deixou claro durante as várias tentativas de dar início a um processo de paz que seu país exige garantias de segurança no caso de um cessar-fogo ou fim das hostilidades.
Os países ocidentais aliados de Kiev buscam diferentes estratégias para viabilizar uma nova etapa na guerra ou encaminhar um possível fim do conflito, que variam de um cessar-fogo a um tratado de paz.
Alguns estrategistas militares e acadêmicos afirmam que, para garantir a paz na Ucrânia, seria necessária a presença de um contingente de até seis dígitos de soldados, por exemplo, de aliados europeus. Outra possibilidade seria uma missão de paz da ONU com os “capacetes azuis” atuando como observadores.
Tais esforços, porém, exigiriam em primeiro lugar a predisposição da Rússia em dar início a negociações. Putin insiste que, antes de mais nada, é preciso antes lidar com o que considera as “causas profundas” do conflito, ou seja, as ambições da Ucrânia de ingressar na Otan e na União Europeia (UE).
O papel dos “capacetes azuis”
As forças de paz da ONU são chamadas de “capacetes azuis”, devido à cor do equipamento de proteção que utilizam em suas missões. São compostas por forças militares de Estados-membros da ONU destacados para trabalhar sob o comando e controle das Nações Unidas.
O Conselho de Segurança da ONU autoriza as missões de paz, mas o poder de veto de Moscou – um dos membros permanentes do Conselho – sobre qualquer decisão poderia impedir o envio das forças de paz para a Ucrânia.
Esforços para chegar a um acordo sobre um cessar-fogo vêm sendo realizados há meses. Apesar dos canais de comunicação contínuos entre Moscou e Kiev, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta sexta-feira que houve uma “pausa” nas negociações.
Negociadores da Rússia e da Ucrânia se encontraram três vezes em Istambul nos últimos meses. O único resultado tangível dessas negociações foi uma troca de prisioneiros. Os esforços de mediação do presidente dos EUA, Donald Trump, também não apresentaram nenhum resultado, até o momento.
A Rússia deu início a invasão em larga escala da Ucrânia em fevereiro de 2022, após apoiar separatistas no leste ucraniano desde 2014, quando suas forças anexaram ilegalmente a Península da Crimeia.
rc (DPA, AFP, DW)