Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – Representantes das forças de segurança pública do Distrito Federal e do governo federal apresentaram detalhes do esquema especial montado para a chegada do ex-presidente Jair Bolsonaro na manhã de quinta-feira em Brasília que tem por objetivo evitar aglomerações de pessoas, tumulto e congestionamento do trânsito e impedir até mesmo problemas na malha aérea.

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Em entrevista coletiva nesta quarta, o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, disse que medidas estão sendo discutidas e tomadas envolvendo todos interessados, inclusive com o apoio de partidários de Bolsonaro, para que a chegada dele gere o “menor prejuízo possível” para as atividades cotidianas da capital federal.

O superintendente da Polícia Federal de Brasília, delegado Cezar Luiz Busto de Souza, afirmou que o acordo entre as partes é para que lideranças políticas e apoiadores não recepcionem o ex-presidente no saguão do aeroporto. Para evitar aglomeração, destacou, a orientação inicial é que Bolsonaro não deixe o local pelo saguão, mas sim por uma saída diferenciada após passar pelos trâmites de desembarque.

“Não é viável a saída dele pelo saguão normal especialmente para evitar a aglomeração de pessoas que com absoluta certeza vai impactar, de maneira muito significativa, todo o tráfego aéreo nacional”, disse o delegado da PF.

Segundo os envolvidos, o movimento diário no aeroporto de Brasília é, em média, de 40 mil pessoas, o segundo maior em operações no Brasil. Além disso, quinta-feira é o dia de maior movimentação, com a chegada de voos internacionais e conexões. O representante da Inframerica citou que há 137 operações de pousos e decolagens na quinta até às 10h.

Haverá um esquema especial de segurança e coordenação de trânsito para impedir ou pelo menos reduzir congestionamentos nas vias de acesso ao aeroporto. A orientação é que gestos de apoio a Bolsonaro sejam feitos em outros locais. O trânsito da Esplanada dos Ministérios também será fechado nesta quinta para evitar manifestações de bolsonaristas.

A expectativa é que as manifestações de apoio ao ex-presidente ocorram nas imediações da sede do PL, que fica localizado em um edifício comercial na altura da Torre de TV, no centro da capital. Reservadamente, a previsão é de 5 mil a 10 mil pessoas na capital do país.

Participaram da entrevista coletiva representantes da Secretaria de Segurança Pública do DF, PF, Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Inframerica, concessionária que administra o aeroporto, entre outros.

INTELIGÊNCIA

Serviços de inteligência identificaram movimentação de ônibus a caminho de Brasília, mas não é possível dizer que seriam caravanas –o número dos veículos não foi informado. Também foi verificada a movimentação de pessoas interessadas em montar novamente um acampamento no chamado QG do Exército, local de onde partiram bolsonaristas radicais no dia 8 de janeiro para promover a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.

Sandro Avelar, contudo, foi taxativo ao dizer que não será permitido o acampamento no local e em outras regiões da capital.

“Neste momento, a gente não pretende que se faça novos acampamentos aqui no DF e em algumas regiões especialmente isso não será tolerado. Nós não vamos permitir que determinados locais da cidade sejam feitos acampamentos, isso não será permitido, tolerado”, frisou.

O secretário destacou que as manifestações são bem-vindas, mas ressaltou que a operação não se restringe ao momento do desembarque de Bolsonaro. Segundo ele, já há conversas sobre medidas de atuação das forças de segurança pública com o ex-presidente morando em Brasília, um inédito fato desde a redemocratização.

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