Um grupo de pelo menos dez homens islâmicos armados invadiu um hotel de luxo repleto de estrangeiros na capital do Mali, Bamako, nesta sexta-feira, 20, fazendo 170 reféns em uma ex-colônia francesa que tem lutado contra rebeldes aliados à Al-Qaeda há vários anos.

O ataque ao hotel Radisson Blu, que fica a oeste do centro da cidade, perto de ministérios e escritórios diplomáticos, ocorre uma semana depois que militantes do Estado Islâmico mataram 129 pessoas em Paris. As identidades dos atiradores em Bamako, ou o grupo a que pertencem, não são conhecidos.

O Ministério da Segurança do país confirmou que três pessoas morreram. Segundo o jornal britânico The GuardianApesar dos relatos de 80 pessoas terem sido libertadas, donos do hotel afirmam acreditar que 124 hóspedes e 13 empregados ainda estão no local.

Uma fonte sênior de segurança disse que alguns dos reféns foram libertados depois de recitarem versos do Corão.

De acordo com o comandante do Exército do Mali, Modibo Nama Traore, pelo menos dez homens entraram no hotel gritando “Allahu Akbar” (Deus é grande) antes de atirar contra os seguranças. Eles teriam entrado no hotel, considerado o mais seguro da capital, em um carro com credencial diplomática.

Reféns. Segundo o The Guardian, estavam hospedados no hotel cidadãos turcos, franceses, indianos, chineses e da Guinea. A agência estatal chinesa Xinhua informou que um hóspede chinês enviou mensagem por meio de chat em um aplicativo dizendo que havia vários chineses entre os reféns – quatro foram libertados.

A companhia aérea Turkish Airlines também confirmou que havia funcionários da empresa presos no hotel, mas seis deles já foram soltos – informação confirmada pelo primeiro-ministro turco. A Air France afirmou que 12 integrantes da companhia que estavam no hotel estão “salvos e em segurança”.

O ministério de Relações Exteriores da Alemanha confirmou que dois cidadãos alemães estão entre os reféns libertados. O Ministério de Relações Exteriores da Índia informou que 20 indianos que estavam no hotel estão “em segurança”. Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou que cidadãos americanos podem estar entre os reféns.

Por conta do ocorrido, o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, encurtou sua viagem ao Chade, onde participava de um encontro de países da região do Sahel.

Tropas. Uma equipe de 40 policiais de elite da polícia francesa, a Gendarmaria, especializada em situações com reféns, foi enviada ao Mali. Além da equipe das Forças Especiais de Intervenção (GIGN), uma equipe de tropas americanas também foi enviada a Bamako para ajudar na situação. Nos EUA, o presidente Barack Obama acompanha a situação.

Em 2012, vários grupos jihadistas vinculados à Al-Qaeda se apoderaram de zonas ao norte de Mali. Muitos deles foram expulsos graças ao lançamento, em janeiro de 2013, de uma operação militar internacional deflagrada pela França.