07/03/2017 - 9:58
As forças iraquianas prosseguiram nesta terça-feira (7) seu avanço no oeste de Mossul, onde retomaram importantes edifícios públicos dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), como a sede do governo provincial e o museu arqueológico.
Bagdá também anunciou a reconquista de três bairros no terceiro dia de uma nova ofensiva para expulsar o EI se seu último reduto urbano no Iraque.
As tropas governamentais se aproximam agora da zona antiga de Mossul, um setor muito povoado, onde espera-se que os combates sejam especialmente violentos.
Nesta terça retomaram o bairro administrativo no qual está a sede do governo da província de Nínive, o quartel-general da Polícia e o edifício do Banco Central, onde os extremistas roubaram milhões de dólares em 2014, após se apoderarem de Mossul.
A reconquista do museu tem um grande valor simbólico, já que foi saqueado pelo EI em 2015. Em um vídeo divulgado pelos extremistas, via-se como destruíam a golpes estátuas antigas e tesouros pré-islâmicos.
Os especialistas compararam esses atos às destruições dos Budas de Bamiyán pelos talibãs no Afeganistão, em 2001.
“O museu está completamente devastado, roubaram as antiguidades”, lamentou o oficial Abdel Amir al-Mohamedawi, das Forças de Intervenção Rápida, uma tropa de elite do Ministério do Interior.
Ponte reconquistada
Desde o início de uma grande ofensiva para reconquistar a zona oeste de Mossul em 19 de fevereiro, uma das prioridades de Bagdá é conseguir controlar o rio Tigre, que divide a cidade em dois.
No fim de janeiro, as forças iraquianas reconquistaram a parte leste de Mossul.
As cinco pontes que cruzam o Tigre foram danificadas ou destruídas pelo EI e pelos bombardeios da coalizão internacional anti-extremista liderada por Washington, que apoia o governo de Bagdá.
As forças iraquianas, que já controlavam um das pontes da cidade, anunciaram nesta terça-feira que tomaram outra, a de Al-Hurriyah.
As duas pontes retomadas pelas forças iraquianas devem facilitar, após reparos, o transporte de tropas e armas da zona leste para a oeste.
Os combates na parte oeste de Mossul provocaram a fuga de mais 50.000 pessoas, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Entretanto, a maior parte dos 750.000 habitantes do oeste de Mossul, área que sofre com a escassez de alimentos e medicamentos, ainda permanece em suas casas.
EI recua na Síria
O EI também está recuando na Síria, e seu principal reduto, a cidade de Raqqa, se vê ameaçada.
Na região norte deste país em guerra há sete anos, o EI enfrenta também duas ofensivas: a das forças do governo, apoiadas pela Rússia, e a de uma aliança apoiada pelos Estados Unidos.
Esta última, as Forças Democráticas Sírias (FDS), está a poucos quilômetros de Raqqa, a “capital” de fato do Estado Islâmico.
As forças governamentais sírias avançaram nesta terça-feira no leste da província de Aleppo, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), e conseguiram retomar das mãos do EI a estação de bombeamento que fornece água à cidade de Aleppo, que não tinha água há 50 dias.
Entretanto, os comandantes do Estado-Maior das Forças Armadas da Turquia, Estados Unidos e Rússia estão reunidos nesta terça-feira no sul do território turco para abordar a situação na Síria e no Iraque.
Turquia, Rússia e Estados Unidos têm objetivos diferentes na Síria, mas os três países lutam contra o EI.
Esta reunião trilateral acontece depois que o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, afirmou que a Turquia não poderia iniciar uma operação para reconquistar Manbij, no norte da Síria, “sem uma coordenação com Rússia e Estados Unidos”.
Manbij, sob controle das FDS, apoiada por Washington, é alvo da Turquia, que deseja expulsar as Unidades de Proteção Popular (YPG), milícia curda que considera “terrorista”.