25/11/2025 - 11:58
Quatro anos após deixar de produzir em solo brasileiro, a Ford se diz satisfeita com a decisão, todavia não descarta uma volta futuramente. Isso, a depender do posicionamento estratégico da empresa, dado que a decisão de parar a produção no Brasil não teve a ver com condições econômicas.
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“Nossa escolha [de parar de produzir] não teve a ver com Brasil, então nós não descartamos nenhum cenário, que seja ele de voltar a produzir”, afirma o CEO da Ford para a América do Sul, Martín Galdeano.
Atualmente o Brasil segue como o mercado mais relevante para a montadora na América do Sul, representando mais de 50% do faturamento da companhia. Os carros são importados de países vizinhos onde a companhia ainda mantém fábricas.
Por aqui, o foco passou a ser estratégico e voltado à tecnologia, com 1,5 mil engenheiros empregados no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia e no Campo de Provas, localizados em Camaçari (BA) e Tatuí (SP), respectivamente.
No centro de desenvolvimento, 85% do tempo é dedicado ao desenvolvimento de projetos globais, o que faz com que a tecnologia desenvolvida no Brasil represente cerca de 35% das funcionalidades presentes nos carros da Ford no mundo todo.
Em 2024 essa atividade gerou uma receita de mais de R$ 500 milhões em 2024, sendo uma unidade de negócio ‘autossustentável e rentável’, segundo a gestão.
“Nós não só estamos satisfeitos, mas esse é um dos grandes orgulhos, ter esse time que é responsável pela engenharia e que representa uma parte muito importante da engenharia da Ford no mundo”, diz Martín Galdeano.
Como exemplos de funcionalidades desenvolvidas pelo time brasileiro estão:
- Over-the-Air (OTA): o time de engenharia da Ford no Brasil é responsável pelo gerenciamento e implementação das atualizações OTA nos veículos da marca no Brasil, na América do Sul e no mundo, uma tecnologia que permite que softwares de veículos, como a Nova Ranger, sejam atualizados automaticamente pela internet (4G ou Wi-Fi), sem a necessidade de o proprietário ir a uma concessionária
- One Pedal Drive (Mach-E): permite dirigir usando apenas o acelerador, sem acionar o pedal do freio
- Contour Seats (Lincoln Aviator, Corsair e Navigator): bancos que oferecem opções de massagens com intensidades diferentes
- Track Apps (Mustang GT Performance): Track Apps é uma tecnologia para auxílio de performance nas pistas, auxiliando na cronometragem, performance de freios e outras funções para que o motorista tenha mais facilidade durante a direção
- Remote REV (Mustang GT Performance): recurso exclusivo do Ford Mustang GT que permite acelerar o carro remotamente por meio da chave
- Zone Lighting (F-150 e Lightning): permite que o usuário ative e desative as luzes externas do veículo
O que mudou na Ford e para onde a companhia quer ir
Atualmente a companhia vem somando um crescimento, em termos de volume, na casa dos dois dígitos percentuais nos últimos anos. Esse cenário faz com que sustentar esse patamar se torne cada vez mais difícil por conta do aumento da base comparativa.
Entretanto, a expectativa da gestão é de manter dois dígitos percentuais de crescimento no volume de veículos vendidos neste ano. No Brasil, as vendas cresceram 68% e chegaram a 48.498 unidades no acumulado do ano de 2024.
“O Brasil continua sendo mercado de maior oportunidade e estamos com muita expectativa de continuar crescendo aqui”, pontua Galeano.
Há anos a companhia não fabrica mais carros de entrada e modelos mais populares, como o Fiesta, que saiu de linha em 2019. A toada faz parte de um redesenho na operação da empresa, que passou a focar nos segmentos em que considera ter expertise: SUVs, picapes, veículos comerciais e ícones.
A decisão se deu porque a companhia vislumbra um maior potencial de crescimento e uma maior fatia de market share ao atuar somente nesse nicho.
Galdeano também revela que a atividade tem deixado os acionistas satisfeitos, gerando uma rentabilidade superior e afastando a companhia de uma operação que já fechou no vermelho e custou ‘vários bilhões’ em anos passados.
A decisão faz com que a Ford surfe um bom momento de mercado no Brasil, dado que o mercado automotivo brasileiro chegou à metade do ano de 2025 com recorde na venda de SUVs, em cerca de 469 mil, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Além do crescimento absoluto, também aumentou a participação dos veículos utilitários esportivos no mercado – nas vendas entre janeiro e junho de 2025, 53% dos carros 0km emplacados no Brasil eram SUVs.
