Quem percorreu os corredores da Futurecom, principal evento do setor de telecomunicações brasileiro, em meados de outubro, em São Paulo, foi surpreendido por uma decisão das maiores empresas de telefonia do Brasil.

As cinco principais operadoras espremeram-se em um único estande compartilhado. Não se tratava de falta de espaço no evento. Ao contrário. Os presidentes de Telefônica Vivo, América Móvil (Claro, NET e Embratel), TIM, Oi e Algar Telecom decidiram economizar e tomaram a decisão de irem à Futurecom dessa forma. No espaço, cada uma delas tinha direito a duas salas individuais para receber seus clientes.

A decisão das maiores empresa de telefonia é uma síntese do que acontece com o setor de telecomunicações. Com a queda no número de assinantes em celulares e de tevê por assinatura, estagnação da telefonia fixa e a competição com serviços de internet, elas estão reduzindo investimentos e cortando custos.

Na outra ponta, os fornecedores de equipamentos para as teles estão sofrendo com a redução de pedidos. E isso tem feito com que ajustem suas estruturas aos novos tempos. São os casos da chinesa Huawei e da sueca Ericsson.

A chinesa Huawei trabalha para repetir neste ano o desempenho de 2015, que já foi pior que o de 2014 – a companhia não divulga dados da operação brasileira. Com aproximadamente 2 mil funcionários, a companhia cortou empregos, mas também não fornece detalhes.

A companhia chinesa acaba de trocar seu presidente no Brasil. Wei Yao assume no lugar de Jason Zhao, que ficou no cargo por mais de dois anos e segue para uma nova posição na China.

Segundo uma fonte, a companhia prepara uma reestruturação para se adequar aos novos tempos e que os principais indicadores da chinesa, uma potência global no setor de telecomunicações, estão ruins no mercado brasileiro. Procurada, a empresa não confirma as informações.

A Ericsson, por sua vez, reduziu bastante o número de funcionários. Em 2015, ela contava com cerca de 8 mil empregos. Hoje, está com 4,5 mil.

A empresa também não descarta fechar sua fábrica em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, São Paulo, unidade que mantém desde 1955.

Essa decisão, no entanto, depende de uma disputa na Organização Mundial do Comércio. A União Europeia e o Japão entraram com uma ação contra o Inovar Auto, que concede incentivos à indústria automobilística, mas que também afeta os benefícios da Lei de Informática.

Se a decisão for desfavorável ao Brasil, a Ericsson avalia que deve ficar insustentável manter a unidade industrial no País. “Avaliamos constantemente todos os cenários. Hoje, ainda vale a pena”, diz Tiago Machado, gerente de relações com a indústria e o governo da Ericsson.