04/12/2025 - 8:36
O Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR+Ibero-América), evento que vai movimentar até domingo (7) a cidade de Fortaleza, começou nesta quarta-feira (3). Durante cinco dias, diversos pontos da cidade recebem mais de cem atividades relacionadas ao mercado cultural, como painéis de mercado, palestras, oficinas, showcases, apresentações artísticas, cozinha-show, atividades formativas e mentorias especializadas.
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), na região central da capital cearense, é a sede principal do evento. Na abertura do MICBR+Ibero-América, na noite passada, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou a integração ibero-americana, com a presença de representantes de países como Paraguai, El Salvador e Panamá.
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“Nosso país faz fronteira com dez países da América Latina e cada vez mais a gente tem que entender que essa irmandade existe e que a gente consiga fortalecer mais essa ponte através da cultura. É o que nos resta também, abrir essa frente, valorizar as nossas produções e esse grande legado de cultura que existe, não só no Brasil, mas em toda a América Latina”, afirmou a ministra.
De acordo com a ministra, participam do maior mercado de negócios culturais do Brasil 120 compradores, sendo 65 estrangeiros, além de 100 vendedores que fizeram inscrição espontânea, totalizando 600 pessoas nas rodadas de negócios.
Margareth ressaltou que o setor, também, deve aproveitar a oportunidade aberta com o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que deve ser assinado pelo presidente Lula no próximo dia 20, para levar a voz e as soluções do sul global para o mundo.
“É uma grande porta que se abre pra nós também, nós estamos incluídos nisso, o setor cultural brasileiro e latino-americano pode tirar grande proveito desse momento. Temos que nos preparar, porque vai ser uma janela de oportunidades imensa de fazer negócios, de fortalecer. A Cultura é uma ponte, a cultura não tem fronteiras e nossa cultura é reconhecida e respeitada internacionalmente, em várias áreas”.
Também na cerimônia de abertura, a secretária de Cultura de Fortaleza, Helena Barbosa, destacou a importância de unir esforços entre os diferentes níveis de governo para ampliar o acesso dos produtores e artistas às políticas culturais.
“Não há outro caminho para o desenvolvimento da cultura se não for o caminho da união. Todas as nossas ações tem que ser pensadas de forma colaborativa. E temos encontrado no MinC essa parceria para essa construção”.
A ministra adiantou que vai apresentar, no dia 11, em São Paulo, uma pesquisa inédita sobre a dimensão da nova da Lei Rouanet, feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV). “É uma política tão longeva, com 33 anos, e que é um mecanismo para materializar os programas culturais”.
O MICBR é promovido pelo Ministério da Cultura (MinC). Entre os destaques desta edição estão palestras que abordam temas como o poder das narrativas, criatividade e território; sustentabilidade e futuro da cultura; inovação e convergência midiática; impacto social das artes; modelos de criação e circulação; e as transformações tecnológicas que moldam o mercado cultural.
Influenciadores
Antes da abertura oficial, a ministra e outros membros do MinC receberam jornalistas e influenciadores para uma roda de conversa. Foram abordados temas como a regulamentação da profissão dos criadores de conteúdos digitais na área cultural e a participação feminina no setor de jogos eletrônicos.
De acordo com a ministra, o trabalho dos influenciadores e produtores de conteúdos digitais é uma linha nova de atuação, mas que tem recebido atenção do Ministério.
“Estamos trabalhando no ambiente digital com ações que podemos pensar em relação a isso, mas não só influenciadores, como outras áreas. Conseguimos agora o reconhecimento da área da dança como profissional. Estamos trabalhando na área dos direitos autorais, inteligência artificial, plataformas. Estamos também pensando em um prêmio para influenciadores”, afirmou Margareth.
Sobre o setor de games a ministra explicou que pela primeira vez a área está acolhida dentro da pasta, na Secretaria de Audiovisual. O secretário executivo do Minc, Márcio Tavares destacou que o setor de games é responsável por exportações no valor de 120 milhões de dólares por ano.
“É muito importante a agenda dos games, pela primeira vez existe um espaço específico dentro do ministério tratando o setor como política pública. Já garantimos alguns avanços importantes, como a entrada na lei Rouanet, a capacitação para a gestão do audiovisual. É um setor que já começa exportando, porque está tudo conectado com as plataformas internacionais, então é uma área muito importante no setor criativo brasileiro”.
A secretária do Audiovisual do MinC, Joelma Gonzaga, explicou que o setor de games tem um “potencial enorme” e é “extremamente lucrativo”. “O Brasil é um grande consumidor de games, mas ainda precisa ser uma liderança em produção no mundo. Por isso que a gente precisa de políticas para a economia criativa. Para fazer games precisamos de música, de narrativa, literatura. A gente consome muito game que vem de fora, mas a gente precisa contar as nossas histórias para o mundo”, ressaltou.
Margareth também informou que o MinC está assinando acordos de colaboração com a França para fortalecer a cadeia do audiovisual, e com países como Singapura e Nigéria para a abertura de mercados.
*Equipe da EBC viajou a convite do MinC