Os dois foram ícones nos áureos tempos em que um carro era produzido quase que artesanalmente. O Maybach Zeppelin reinou absoluto entre os aristocratas na década de 40. O Rolls Royce Phantom, desenvolvido em 1925, serviu de carruagem para os nobres. As coincidências continuam até hoje. Eles foram relançados recentemente e disputam, solitários, um nicho de mercado para um público seleto. São os supercarros de luxo, uma categoria que escapa à classificação da indústria automobilística e se destaca por um quesito: o preço de cada unidade. Na Europa, o Maybach em sua versão 2004 custa 360 mil euros. O Rolls Royce Phantom, o puro sangue da montadora que completará 100 anos em maio, sai por 320 mil euros. No Brasil, custarão pelo menos R$ 2,5 milhões. Há, contudo, uma lista de privilégios que ajuda a justificar o preço nas alturas.

Para começo de conversa, compõem a dupla de carros mais luxuosa do mundo. O Maybach 62, produzido pela Daimler Chrysler, é o automóvel com o maior número de configurações existente no planeta. É possível ter mais de 2 milhões de combinações. Se o proprietário quiser que os bancos levem suas iniciais, por exemplo, não há problema. Mas, provavelmente, quem der uma simples voltinha a bordo do Maybach não vai querer mudar nada. Além de ter um motor de 550 cavalos de potência e atingir 250 km/h, seu espaço interno é digno de uma primeira classe de avião. As poltronas reclinam-se como tal e os equipamentos disponíveis fazem dele um escritório móvel. São seis linhas telefônicas, telas de cristal líquido e DVD. Como nem tudo na vida significa trabalho, o dono do carro terá à sua disposição uma champanhe com duas taças de prata. Detalhes que fazem a diferença neste segmento. E como fazem.

 

Espírito do êxtase. O Rolls Royce Phantom, o primeiro da marca sob a tutela da alemã BMW, esbanja classe. Com a carroceria em alumínio, o veículo de formas quadradas tem o interior revestido em madeira de lei e a sobriedade característica da marca. A mítica escultura Spirit of Ecstasy (o espírito do êxtase), aquela de imagem alada, pousada no capô, é retrátil. Basta apertar um botão para recolhê-la quando o carro estiver estacionado. O logotipo da Rolls Royce, o famoso RR presente nas rodas, também foi preservado. Um mecanismo faz com que eles sempre fiquem na horizontal quando o automóvel parar. As portas do Phantom carregam uma certa nostalgia. São articuladas como nos carros antigos. À primeira vista é quase impossível acreditar que há consumidores para este tipo de automóvel. É mera impressão, porque há gente para tudo: apenas o sultão de Brunei comprou 12 unidades do Rolls Royce Phantom.