A Rio Bravo, gestora de recursos capitaneada pelo ex-BC Gustavo Franco, abriu a temporada de caça às grandes fortunas. A companhia acaba de acertar os últimos detalhes para a abertura de seu family office, um novo negócio com foco em assessoria financeira, tributária e jurídica para investidores no ponto mais alto da pirâmide da renda nacional. Seu alvo são famílias com patrimônio superior a R$ 50 milhões. ?Muitas delas venderam suas empresas nos últimos anos e ficaram com o dinheiro na mão?, diz Marcelo Serjaty, sócio diretor da Fidúcia Asset Management, a subsidiária da Rio Bravo que administrará a área de gestão de fortunas. A meta é conquistar em um ano cerca de 50 desses megaclientes. Para atraí-los, a idéia é oferecer, além das tradicionais aplicações financeiras, um leque mais amplo de investimentos, seja em imóveis, numa fazenda de gado ou onde mais for identificada uma boa oportunidade. O conceito de soluções completas para famílias milionárias tem sido elogiado por analistas do setor financeiro. Difícil, segundo eles, será arrebanhar clientes na proporção pretendida. ?As grandes fortunas brasileiras já estão com o dinheiro espalhado pelo mundo?, pondera um especialista que prefere não ser identificado. ?Poucos milionários precisam de consultoria aqui no Brasil.?

Para inaugurar o novo serviço, a Fidúcia, que tem sua sede dentro do QG da Rio Bravo, no Rio de Janeiro, montou um escritório na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. Ali dentro, ao longo das últimas semanas, começaram a se reunir nomes de peso das finanças, ?roubados? da concorrência. É o caso de George Wachsman, uma estrela em ascensão no mercado financeiro. Wachsman fez um trabalho inovador na Unibanco Asset Management, onde estruturou uma pioneira carteira de investimentos com os chamados ?fundos de fundos?. Em pouco mais de um ano, este tipo de aplicação, que compra cotas de diferentes gestores externos na tentativa de multiplicar seu lucro, virou moda entre os investidores de mais alta renda. Na Fidúcia, a proposta de Wachsman é fazer apenas carteiras de investimento sob medida para cada cliente.

Na tentativa de diferenciar sua gestora de fortunas dos serviços private dos grandes bancos, a Fidúcia também foi buscar no mercado profissionais de áreas não financeiras, como o consultor René Werner, especialista em processos de sucessão familiar. Foi criado, ainda, um conselho consultivo, que conta com notáveis, como o empresário Ricardo Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, e a executiva Maria Silvia Bastos, ex-presidente da CSN.

Para criar aplicações exclusivas para os muito ricos, a Fidúcia conta, em boa medida, com os investimentos que já administra e pode combinar em diferentes proporções de acordo com o perfil de cada investidor. ?Temos bons produtos na prateleira?, diz Henry Lownthal, gestor de fundos multimercado da empresa. Ao todo, são seis aplicações, com patrimônio total na casa de R$ 1 bilhão. Há, ainda, a chamada sinergia com a empresa-mãe. Gustavo Franco e seu sócio Winston Fritsch, que trabalharam juntos no governo nos anos decisivos do Plano Real, fizeram da Rio Bravo uma potência na administração de fundos de capital de risco. Só o seu braço de ativos imobiliários administra uma das maiores carteiras do País, com R$ 1,3 bilhão em ativos. O desafio deles, agora, é mostrar ao mercado que há futuro na consultoria para milionários no Brasil.