Janeiro de 2023 chega a quase sua metade e é de se esperar que a maioria das companhias já esteja com seus planejamentos anuais prontos. Mas com a divulgação do relatório Riscos Globais 2023 pelo Fórum Econômico Mundial na quarta-feira (11) talvez valha a pena uma revisão. Ou, no mínimo, um post-it em lugar estratégico para ter sempre no radar os dez riscos mapeados para os próximos dois anos e os outros dez, para 2033. Para empresas instaladas no Brasil, especial atenção para o número 5: Erosão da Coesão Social e Polarização da Sociedade. O mesmo aparece como o sétimo risco em dez anos.

Parece que o apontamento é recado direto para nós. Após quatro dias, não há muito mais o que se dizer sobre as barbáries registradas em Brasília por brasileiros em nome de um suposto patriotismo estimulado por falácias proferidas por Jair Bolsonaro. Barbáries, não. Crimes contra a democracia de uma magnitude inédita. E essa baderna acontece logo agora, quando um sopro de esperança reanimava a todos que trabalham pelo fortalecimento dos direitos humanos graças à diversidade que começa a se desenhar nos postos do governo federal. Tanto no primeiro como no segundo escalão.

Voltando ao relatório Riscos Globais 2023, vale a pena destacar algumas diferenças entre aqueles mapeados para o curto e para o longo prazo. Para os próximos dois anos, assuntos envolvendo a questão climática passaram a dividir as cinco primeiras posições com outros causados pela pandemia e pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. Na ordem: Custo de Vida na Crise, Desastres Naturais e Eventos Climáticos Extremos; Confrontos Geoeconômicos; Falha na Mitigação das Mudanças Climáticas; e a já citada Erosão da Coesão Social e Polarização da Sociedade.

Fórum Econômico Mundial destaca riscos globais na economia e polarização social

Na projeção para 2033, parece que os analistas consideram que os fatores políticos já estarão melhor resolvidos e os fatores climáticos voltam com força absoluta. Do primeiro ao quarto a ligação é direta: Falha na Mitigação das Mudanças Climáticas; Falha na Adaptação às Mudanças Climáticas; Desastres Naturais e Eventos Climáticos Extremos; além de Perda da Biodiversidade e Colapso do Ecossistema. O quinto, Migração Involuntária em Larga Escala, mesmo que classificado como um risco social pelo Banco Mundial pode ser associado a conflitos humanos e também às mudanças climáticas.

Seja na perspectiva imediata ou futura, companhias brasileiras e globais precisam olhar para o relatório de modo estratégico. É preciso agir rapidamente para mitigar as ameaças já mapeadas. Ficar impávido diante de alertas que ameaçam a sustentabilidade de comunidades e negócios é no mínimo negligência e, em última instância, estupidez.