Um fotógrafo birmanês, cuja identidade não foi divulgada por razões de segurança, ganhou o Prêmio Visa d’or “News” neste sábado (4) por seu trabalho sobre a “revolução da primavera” de Mianmar.

Este prêmio é o mais prestigioso do festival internacional “Visa pour l’Image” de Perpignan, no sudoeste da França, considerado o evento de fotojornalismo mais importante do mundo.

“Quando soube que havia ocorrido um golpe em Mianmar em 1º de fevereiro, era óbvio que eu precisava chamá-lo. Ele é provavelmente o melhor fotógrafo do país”, disse à AFP Mikko Takkunen, editor de fotografia para a Ásia do New York Times.

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Foi ele, que há anos colabora com o fotógrafo vencedor, quem compareceu à cerimônia de entrega do prêmio.

“Manter o anonimato de um fotógrafo não é uma decisão que tomamos levianamente e está sempre ligada à segurança do nosso pessoal, que é a nossa prioridade”, explicou.

As impactantes fotografias da exposição mostram civis, às vezes “armados” com estilingues, enfrentando os militares com armas de fogo reais.

O fotógrafo também retrata pessoas feridas e famílias de luto em um país mergulhado no caos desde que a junta militar derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi.

A repressão aos manifestantes pró-democracia deixou mais de mil mortos, incluindo dezenas de menores.

Os outros fotojornalistas indicados foram o grego Angelos Tzortzinis, da AFP, por sua reportagem sobre os últimos dias do campo de refugiados de Moria em Lesbos, a americana Erin Schaff (The New York Times) por seu trabalho durante o ataque ao Capitólio de Washington em janeiro, e o indiano Danish Siddiqui (Reuters) por sua cobertura da crise de saúde em seu país.

Este último morreu em julho enquanto cobria os combates entre os talibãs e o exército do Afeganistão.