24/10/2020 - 14:46
A presidência francesa classificou, neste sábado (24), como “inaceitáveis” as declarações do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que questionou “a saúde mental” de seu homólogo francês Emmanuel Macron, devido a sua atitude com os muçulmanos.
“As palavras do presidente Erdogan são inaceitáveis. O excesso e a grosseria não são um método. Exigimos que Erdogan mude o curso de sua política, porque é perigosa de todos os pontos de vista. Não entramos em polêmicas inúteis e não aceitamos os insultos”, disse a presidência francesa à AFP.
Fontes do Eliseu também anunciaram que chamaram o embaixador da França em Ancara para consultas.
As relações entre França e Turquia, ambos membros da OTAN, se agravaram nos últimos meses por suas discrepâncias nos conflitos no Mediterrâneo Oriental, Líbia, Síria e mais recentemente na guerra entre Azerbaijão e Armênia pela disputada região de Nagorno Karabakh.
Erdogan afirmou neste sábado que Macron precisa de “um exame de saúde mental” pelas medidas em relação à comunidade muçulmana do governo francês, que prepara uma lei contra o “separatismo” islâmico.
“O que se pode dizer de um chefe de Estado que trata desta maneira milhões de membros de diferentes grupos religiosos: antes de mais nada, faça um exame de saúde mental”, afirmou Erdogan em um discurso televisionado.
A presidência francesa criticou também “a ausência de mensagens de luto e de apoio do presidente turco após o assassinato de Samuel Paty”, o professor francês decapitado em 16 de outubro por ter mostrado as caricaturas de Maomé em aula.
Além disso, expressou sua frustração pelas “declarações muito ofensivas (de Erdogan) nos últimos dias, especialmente seu pedido para fazer um boicote aos produtos franceses”.
O Eliseu voltou a exigir neste sábado “que a Turquia abandone suas aventuras perigosas no Mediterrâneo e na região” e denunciou seu “comportamento irresponsável” no conflito em Nagorno Karabakh.
“Haverá novas exigências. Erdogan tem dois meses para responder. Deverá adotar medidas até o fim do ano”, acrescentaram as fontes da presidência francesa sobre as tensões entre Grécia e Turquia no Mediterrâneo Oriental.