A seis meses da conferência de Paris sobre o clima, a França pressiona os negociadores, reunidos nesta segunda-feira em Bonn, por um “pré-acordo” mundial para lutar a partir de outubro contra o aquecimento global.

“A menos de 200 dias da Conferência de Paris, cada encontro deve ser mais um passo para o acordo entre os 195 países”, ressaltou o chanceler francês Laurent Fabius, na abertura de um nova sessão de negociações em Bonn.

Convidando as delegações a “fazer escolhas” durante os 11 dias de negociações, ele lançou: “O objetivo é chegar a um pré-acordo a partir do mês de outubro”.

Duas outras rodadas de negociações estão previstas para o final do verão e em outubro, antes da COP21, que tentará chegar a um acordo para limitar o aquecimento global a no máximo 2 graus acima da era pré-industrial.

“Temos um projeto de acordo, mas é um longo texto e que, em vários pontos, não tem alternativa”, lembrou Fabius.

“Para permitir progressos sobre as questões mais difíceis”, a França organizará duas reuniões a nível ministerial em Paris, em 20 e 21 de julho e 7 de setembro, anunciou.

A base de trabalho das delegações dos 195 países reunidos em Bonn é um texto com mais de 80 páginas e cheio de opções redundantes ou contraditórias, daí a necessidade absoluta de começar a esclarecer seus pontos.

Um método criticado pela ministra francesa da Ecologia, Ségolène Royal.

“As negociações da ONU não são adaptadas à emergência climática”, declarou a ministra em uma entrevista ao jornal “Le Monde”.

Segundo Royal, “é preciso mudar de método: colocar sobre a mesa um documento reunindo os engajamentos dos países mais avançados, como os da União Europeia, e pedir aos Estados que não estão de acordo que se expressem”.

Questões complexas estão no centro das negociações: qual objetivo da redução de gás para o efeito estufa a longo prazo? Como pedir esforços a todos os países levando em conta as necessidades energéticas crescentes dos países emergentes? Quais ações até 2020, data de entrada em vigor do futuro acordo de Paris?

Enquanto os países revelam pouco a pouco os objetivos nacionais da redução dos gases do efeito estufa para 2025 ou 2030, as discussões também se concentram na maneira de verificar sua implementação e a possibilidade de rever suas ambições para mais.

“Não estamos em uma trajetória de 2°C”, admite Laurence Tubiana, negociadora francesa, dado os compromissos iniciais.

Nesta fase, 37 países, incluindo a União Europeia, os Estados Unidos, Rússia, Canadá e México anunciaram a sua “contribuição nacional” para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A China, o maior poluidor, deverá fazê-lo em breve, como a Austrália, Brasil e Japão.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre a Mudança do Clima (IPCC), existe uma necessidade urgente de substituir o uso de combustíveis fósseis, especialmente o carvão, e investir pesadamente em eficiência energética para dissociar o crescimento das emissões de gases do efeito estufa.

Seis companhias petrolíferas e de gás convocaram nesta segunda-feira os Estados a estabelecerem uma política prática e realista para a tarifação do carbono, com os olhares voltados para a conferência sobre o clima de Paris.

Nesta iniciativa sem precedentes, segundo um comunicado conjunto, BG Group, BP, Eni, Royal Dutch Shell, Statoil e Total lançam “um apelo aos Estados de todo o mundo, assim como à Convenção Marco das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, para que instaurem mecanismos de tarifação do carbono”.