A construção de Brasília para ser a capital federal no seio do Planalto Central foi marcada por dois grandes simbolismos. O primeiro, político. A obra faraônica ocorreu entre 1957 e 1960 e foi viabilizada pelo governo de Juscelino Kubitschek. A transferência da sede administrativa brasileira do Rio de Janeiro para Brasília foi um período de agitação política e de crescimento econômico do País. O segundo ponto notável refere-se à arquitetura, com uma cidade inteira projetada em formato de avião por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. A organização dos prédios, separação por setores e as curvas das edificações saltam aos olhos de quem passa pela capital federal. Mas o que poucas pessoas sabem é que a construção de Brasília também desenvolveu um setor de nicho: os pisos vinílicos.

O paviflex, muito disseminado na Europa desde os anos 1940, foi escolhido para revestir os ministérios, o Congresso Nacional, o Itamaraty, a Universidade de Brasília e outros locais públicos. Foi nesse cenário que despontou a Fademac, com sua fábrica de pisos em Jacareí (SP) e fornecimento de produtos para Brasília.

Em 2009 a empresa foi comprada pela francesa Tarkett, líder global em pisos vinílicos. Além do tradicional paviflex, produz também:
LVT (modulares),
SPC (stone plastic composite),
• carpetes,
• mantas,
• e complementos.

Em 2023, a companhia — que possui 34 plantas industriais, 12 mil funcionários e vendas de 1,3 milhões de metros quadrados de pisos por dia em mais de 100 países — registrou faturamento de 3,36 bilhões de euros. Mesmo patamar de 2022. Para avançar em receita neste ano, uma das apostas é justamente o Brasil.

Apesar de ter uma linha residencial importante, responsável por metade das vendas no País, em 2024 a Tarkett planeja avançar em contratos corporativos. Com diversificação de portfólio no segmento, ao trazer pisos de madeira para o mercado nacional. “Temos uma boa perspectiva de desempenho neste ano, sobretudo nas áreas comerciais, em que temos muitos projetos encaminhados”, disse à DINHEIRO Walter Gonçalves, vice-presidente da Tarkett na América Latina.

Entre os projetos realizados pela Tarkett no País estão o do Hard Rock Live Florianópolis, que passou a se chamar Arena Opus. Por lá, foram instalados carpetes Axminster, usados em outros empreendimentos da bandeira espalhados pelo mundo, mas com dois desenhos exclusivos para o Brasil. A opção foi por ser ideal para ambientes de alto tráfego e por proporcionar uma boa acústica.

(Divulgação)

“Temos uma boa perspectiva de desempenho neste ano, sobretudo nas áreas comerciais, em que temos muitos projetos.”
Walter Gonçalves, VP da Tarkett na América Latina

Outros locais que receberam soluções da companhia francesa são a Pinacoteca de São Paulo, o Colégio Batista (SP), o CredicomLab, laboratório de inovação da Sicoob, o Hotel LK, em Florianópolis (SC), o Senac e o Restaurante Must do Hotel Tivoli Mofarrej, também na capital paulista.

E a empresa continua com seus laços em Brasília, com aplicação de seus produtos na unidade do Impact Hub, de coworking.

EXPANSÃO

A variedade de setores em que as soluções da Tarkett são aplicadas é uma das características da companhia, segundo Gonçalves. Existem linhas específicas para hotelaria, hospitais, escolas e escritórios. “É um piso muito durável, por isso é uma excelente opção para aeroportos, supermercados, grandes superfícies”, afirmou o executivo.

Agora, a empresa quer expandir os negócios com a oferta de pisos de madeira engenheirada de carvalho europeu, produzida em sua fábrica na Suécia. A partir de múltiplas camadas de madeira para maior estabilidade, cada piso é selado com laca ou óleo de cera para maior durabilidade e fácil manutenção. A instalação também é simplificada porque os pisos são encaixados uns aos outros, a partir de sistema click de última geração. Foram lançadas recentemente três coleções no Brasil, abrangendo uma ampla variedade de formatos e espessuras.

Há ainda um segmento de esporte, que é significativo para a companhia. Em 2023, apenas esse setor foi responsável por 1,02
bilhão de euros em vendas globais, ou 30% do faturamento total da empresa.

• No Brasil, a Tarkett está à frente do projeto do gramado do novo estádio do Pacaembu, que deve ter suas obras finalizadas nas próximas semanas.

• Pelo mundo, os pisos do Super Bowl (a final do campeonato de futebol americano) e quadras da NBA, a liga americana de basquete, são fornecidos pela companhia. Com piso firme, a Tarkett segue pavimentando sua história.