O ex-presidente do Banco Central (BC), Gustavo Franco, criticou a irresponsabilidade fiscal que ronda a PEC da Transição proposta pelo novo governo do presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva (PT).

Conhecido como um dos “pais” do Plano Real, Franco fez suas críticas na publicação Carta Estratégias, distribuída mensalmente pela Rio Bravo Investimentos. “A irresponsabilidade fiscal, sobretudo quando enrolada na bandeira da governabilidade e da defesa da democracia, pode nos levar ao caos”, disse.

+ Haddad vai priorizar regra fiscal e tributária; veja como pensa o novo ministro

O economista reitera sua opinião, citando as alianças do novo governo. “Esse alerta precisa ser feito, pois a coalizão que se desenha, construída a partir de várias vertentes do chamado “Centrão” – inclusive incorporando o atual presidente da Câmara, o deputado Artur Lira –, não tem “vinculações históricas”, ou “associação programática”, com a responsabilidade fiscal”.

Até a volta de antigas pastas, como o Ministério da Fazenda, foi alvo das observações feitas por Franco. “O atual ministério da Economia, recorde-se, é fruto da união de cinco dos ministérios que existiam quando Lula foi presidente da última vez. Parece natural que Lula retroaja ao desenho original, inclusive para não sobrecarregar o titular e dispor de outros cargos para acomodar aliados”.

Por fim, o ex-presidente do BC analisou as reações negativas do mercado com as primeiras movimentações do novo governo que tomará posse em 1º de janeiro. “De igual modo, é natural que o mercado financeiro reaja mal ao enfraquecimento e divisão da área econômica, especialmente no contexto de uma eleição que não tratou de economia e de um governo que começa, inclusive antes da posse, tirando férias da responsabilidade fiscal”, analisou Franco.