Alvo de ameaças de morte por milicianos em dezembro passado, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) foi um dos primeiros a prestar solidariedade à deputada estadual Martha Rocha (PDT), cujo carro foi alvo de tiros de fuzil na manhã deste domingo, 13. “Liguei para Martha, que nos informou que está bem e que seu motorista está fora de perigo. Nós exigimos do poder público do Rio de Janeiro uma resposta imediata para saber quem são os responsáveis por esta ação. Amanhã completa 10 meses da morte de Marielle e Anderson e continuamos sem resposta. Não podemos continuar com este nível de omissão do Estado do Rio de Janeiro”, afirmou o deputado.

Martha Rocha contou à polícia que sofreu três ameaças de morte em novembro passado e que, por isso, tinha comprado um carro blindado. Freixo, por sua vez, foi ameaçado em dezembro, quando a Polícia Civil contou ter descoberto um plano para matá-lo durante um ato público na zona oeste. Em ambos os casos, milicianos estariam por trás das ameaças. Em março do ano passado, a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados no Centro. As investigações ainda em curso apontam para milicianos.

Freixo cobrou do governador Wilson Witzel um posicionamento mais contundente contra as milícias. “Causa estranheza, o governador não citar no seu plano de governo algo em relação às milícias. Ele sequer se pronuncia sobre o assunto”, disse Freixo.

Em nota oficial sobre o ataque, o governador reafirmou a necessidade de que “bandidos sejam tratados como terroristas” e garantiu estar empenhando todos os esforços para a elucidação do caso. “No meu governo, atentados como este, praticados por bandidos que colocam em risco o direito de ir e vir dos cidadãos de bem, serão esclarecidos e punidos exemplarmente”, disse.

Ameaça

O presidente em exercício da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano, disse que a deputada Martha Rocha recebeu uma ameaça de morte entre o final de novembro e o início de dezembro do ano passado.

Segundo Ceciliano, na ocasião, ele e a deputada foram até o Centro de Inteligência e Controle da Secretaria de Segurança para comunicar o ocorrido ao então interventor federal, general Braga Netto, e ao então secretário de segurança, general Richard Nunes.

“Nós nos reunimos com eles e contamos o que aconteceu. Não podemos entrar mais em detalhes sobre a ameaça por questões de segurança”, disse o deputado.

No entanto, o presidente da Alerj disse não saber se o acontecido neste domingo, 13, quando o carro onde a deputada estava foi atingido na Penha, na zona norte do Rio, teve a ver com a ameaça ou se tratou de um assalto.

O deputado disse ainda que, atualmente, há de quatro a cinco parlamentares ameaçados na Casa. “Quando é assim, deixamos a cargo dos deputados escolherem se querem receber escolta policial ou não. É uma questão particular”, disse.

Em nota oficial, a Alerj comunicou que considera “extremamente grave” o ataque a tiros contra o veículo onde estava a deputada. “O presidente em exercício da Alerj, André Ceciliano, conversou com o governador Wilson Witzel, que imediatamente enviou ao hospital o secretário da Polícia Civil Marcus Vinicius Braga. A Alerj espera que o caso seja apurado com urgência para prisão e punição dos responsáveis”, informou.