01/11/2024 - 8:45
A Frooty fechou acordo para trazer para o Brasil a principal concorrente da argentina Franuí, a Karinat. O anúncio faz parte de uma estratégia da fabricante brasileira de açaí para entrar e prosperar em um mercado com forte crescimento nos últimos anos: o das chamadas “bites”.
A parceria com a marca argentina é apenas uma entre várias firmadas pela Frooty em um novo modelo de crescimento, que busca aproveitar sua habilidade de comercialização e distribuição. “Estamos pensando de forma estratégica em ampliar o nosso portfólio, produzindo ou não, de forma a tirar vantagem de um dos nosso grandes ativos, que é estar em 20 mil pontos de vendas no Brasil”, afirma o CEO da Frooty, Fábio Carvalho, em entrevista ao site IstoÉ Dinheiro.
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“O mercado de bites abarca tudo que é pequenininho e tem chocolate. Às vezes tem sorvete dentro, às vezes tem fruta”, afirma o CEO da Frooty. Entre as empresas que atuam no mercado, ele cita Kibon, Berry Bites, Rochinha, e destaca que há “até sorveterias premium” como a Bacio di Latte.
O fenômeno das bites argentinas
As framboesas cobertas de chocolate da Franuí surgiram na Argentina em 2013 e entraram no Brasil em 2023 com uma forte campanha de marketing nas redes sociais. O doce viralizou por meio de criadores de conteúdo. Já as bites da Karinat chegaram ao mercado argentino em 2019 com uma quantidade maior de sabores: além da framboesa, há também mirtilos, morangos e cerejas.
Quando questionada se a Karinat seria uma cópia da rival Franuí, a Frooty sai em defesa da parceira argentina:
“Eu acho que ninguém inventou. Isso existe na Argentina há 100 anos”, diz Carvalho. “É uma sobremesa que tem nos lugares mais frios, até em Campos do Jordão. Sempre fizeram frutas ‘berries’ envoltas de chocolate. Só começou o processo de industrializar.”
A Frooty acredita que a nova marca possa abocanhar 20% do mercado do setor no próximo ano. Segundo o CEO, a Karinat já é até maior do que a Franuí na Argentina, pois lá atua também no mercado de frutas ensacadas, sem chocolate.
Bites de açaí está em avaliação
“A gente já estava pensando aqui na Frooty em fazer bite até de açaí – que a gente não vai lançar agora, mas estava pensando essa possibilidade – quando se aproximou da gente a Karinat”, lembra Carvalho.
Em novembro chega ao país a importação do primeiro carregamento de Karinat em todos os quatro sabores, que segundo Carvalho está “praticamente vendido”. Caso a aceitação pelo público firme, a empresa já tem um estudo de investimentos de R$ 3 milhões para produzir as frutas com chocolate em sua fábrica, na cidade de Poços de Caldas (MG).
Carvalho expressa o desejo de, em um terceiro momento, fazer novas versões da Karinat com frutas brasileiras. Ele cita como exemplo uma parceria que a empresa argentina mantém nos EUA com a chocolateria Hershey’s para fazer banana cobertas de chocolate no país. “Mas a gente gostaria de fazer com a fruta mesmo”, diz. “Tem gente fazendo com o sorvete da fruta, mas não é a mesma coisa.”
Outras parceiras da Frooty
Segundo o CEO, a empresa tem buscado no último ano construir parcerias com outros players, sobretudo do segmento de congelados.
“Estar em 20 mil pontos de vendas é muito difícil”, diz. “Esse ativo a gente consegue explorar de outras maneiras, ou aumentando a eficiência da nossa fábrica produzindo outros produtos, ou comercializando, distribuindo, aproveitando a nossa equipe comercial e a nossa força de distribuição.”
Outra de suas parcerias é com a marca de açaí Mãe Terra, da Unilever, que foi licenciada e desde outubro é fabricada e distribuída pela Frooty. “Essa colaboração será fundamental para aumentar a capilaridade do nosso Açaí Premium, permitindo que chegue a novos pontos de venda”, diz a diretora de marketing de alimentos da Unilever, Carolina Riotto.
Frooty é da Pátria Investimentos
Enquanto se firma como comerciante e distribuidora de mercadorias no território nacional, a Frooty mantém em seu foco a produção de polpas de fruta e sorbet (tipo de sorvete à base de água) de açaí, área na qual atua desde sua fundação em 1994.
“O nosso fundador Marcelo Cezar criou o primeiro sorbet de açaí, congelou para ficar mais adaptável para o pessoa do Sudeste. Fez isso 25 anos atrás. Foi pioneiro”, afirma Carvalho. Outra adaptação foi a adição de grandes quantidades de açúcar — a pasta de açaí original, como é consumida na região Norte, possui um forte gosto amargo.
Segundo levantamento da empresa de dados sobre varejo e indústria Scanntech, o açaí Frooty foi o segundo mais vendido entre janeiro e outubro 2023, atrás apenas do fabricado pela Polpanorte. Em terceiro lugar, aparece o Split, marca que também pertence ao grupo Frooty. Completam o ranking a Búfalo em 4º e a We Food em 5º.
Em 2014, a Frooty foi adquirida pela Pátria Investimentos, que tem feito investimentos na expansão internacional da marca. Desde então, a empresa abriu na Amazônia três novas unidades de produção da base de açaí com água. Hoje, são no total quatro fábricas responsáveis por fazer esta polpa, que é depois transformada no produto final em outra indústria, na cidade de Poços de Caldas.
A Frooty também adquiriu uma empresa de açaí dos EUA, a Makai, com a qual comercializa dentro do país. Também exporta para a Arábia Saudita e China. A empresa afirma que os dados de receita da sua operação são confidenciais.
Questionado sobre a possibilidade de um IPO no futuro, Carvalho diz que “faria sentido”, mas que “para acontecer isso, o mercado precisa existir”.
“A Frooty é do Pátria Investimentos, e como todo private equity a intenção é um dia vender. Se vai vender isso de forma privada ou de forma pública através de um IPO, é uma decisão de momento”, conclui.