27/10/2017 - 18:40
O operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro afirmou hoje (27) que entregou ao menos R$ 100 mil em dinheiro vivo de propina ao ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), quando o político era presidente da Câmara, em 2013. Funaro prestou depoimento ao juiz Vallisney de Souza Oliveira nesta sexta-feira (27), na 10ª Vara Federal de Brasília.
Funaro e Alves são réus na ação penal da Operação Sépsis, que apura desvios no Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviços (FI-FGTS), operado pela Caixa Econômica Federal. São réus na mesma ação o deputado cassado Eduardo Cunha e o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Fabio Cleto, além de Alexandre Margoto, ex-funcionário de Funaro.
“Entreguei para ele mesmo, nas mãos dele, em São Paulo”, afirmou Funaro ao juiz. “Foram R$ 100 mil ou R$ 150 mil, tem que puxar na planilha”, acrescentou o operador financeiro, que assinou acordo de delação premiada com a Justiça.
Funaro disse ainda ter emprestado seu avião particular para transportar uma mala de R$ 5 milhões para financiar a campanha de Alves a governador do Rio Grande do Norte, em 2014.
Os recursos teriam origem no pagamento de propina pela Eldorado Celulose, uma das empresas do grupo J&F, que tem como um dos donos o empresário Joesley Batista. Segundo as investigações, o então vice-presidente da Caixa, Fabio Cleto, atuou sob orientação de Funaro e ordem de Cunha para destravar um aporte de mais de R$ 900 milhões do FI-FGTS na empresa.
Funaro relatou ter participado de diversos jantares na casa de Joesley com Cunha e Alves, com quem disse ter se encontrado mais de 780 vezes ao longo dos anos. Ele afirmou que Cleto foi indicado por ele a Cunha para ser vice-presidente da Caixa.
“Ele [Cleto] já sabia de tudo, desde o momento que ele entrou lá. Isso ai a gente já sabia, que a gente já tinha feito outras operações com o FGTS”, disse Funaro. “A única mágoa que eu tenho é de um dia ter encontrado Fábio Cleto e ter indicado ele para a vice-presidência da Caixa”, afirmou
Funaro admitiu ainda ter obrigado Cleto a assinar uma carta de demissão, antes de assumir o cargo, para mostrá-la a Henrique Eduardo Alves como garantia de que o executivo concordaria em participar do esquema de desvios na Caixa.
Desde o início do processo, a defesa do ex-deputado Henrique Eduardo Alves afirma não haver provas contra o político, além de meras declarações de um delator. A Agência Brasil tentou novo contato com a defesa nesta sexta-feira, mas ainda não obteve retorno.