16/11/2017 - 19:11
Uma professora e a estagiária de uma creche municipal vão responder por maus tratos depois de serem flagradas por uma câmera colocando os alunos de 3 e 4 anos em sacos de lixo como forma de castigo em Restinga, no interior de São Paulo.
O caso teria acontecido em setembro, mas só nessa terça-feira, 14, a Polícia Civil obteve as imagens de uma câmera que comprovariam os maus tratos. Nelas, a professora e a estagiária aparecem colocando o saco de lixo na cabeça de um aluno e tentando colocar outra criança dentro do saco, de cor preta.
De acordo com o delegado Eduardo Lopes Bonfim, as imagens deixam claro que a professora Silma Lopes e a estagiária, menor de idade, agiam de forma reprovável com o intuito de castigar alunos indisciplinados. “As imagens evidenciam os maus tratos, confirmando os depoimentos já prestados pelas mães. Não me parece que o intuito era educativo”, disse o policial. Por ser menor, a estagiária responderá por ato infracional.
Além da professora e da estagiária, o delegado analisa também o possível indiciamento de uma professora substituta e de outra estagiária que teriam conhecimento das condutas e se omitiram. Segundo ele, as servidoras deveriam ter informado à direção da escola o que se passava.
Nas imagens gravadas na Escola Municipal de Ensino Básico (Emeb) Célia Teixeira Ferracioli é possível ver a professora e a estagiária tentando colocar um menino dentro de um saco de lixo de cor escura. A criança se debate e consegue se livrar. A estagiária segura constantemente uma raquete de cor amarela, supostamente para intimidar as crianças.
Em outra imagem, a criança está deitada, com o corpo parcialmente no interior do saco. À polícia, a mãe de um aluno de três anos, Ivanilda Assis de Carvalho, disse que o filho passou a ter medo de ir à escola.
Além de afastar as educadoras e demitir a estagiária, a prefeitura abriu um processo administrativo para apurar o caso. De acordo com o procurador jurídico Alex Gomes Balduino, Silma, a professora investigada, alegou que usava os sacos para fazer uma brincadeira com os alunos. Segundo ela, as próprias crianças trouxeram de casa informações sobre uma brincadeira conhecida como “o homem do lixo”, sugerindo que brincassem. Já a professora substituta alegou ter visto a brincadeira, mas não percebeu qualquer risco para as crianças. Foi aberta outra sindicância para apurar sua conduta.
O advogado de Silma, Rui Engracia Garcia, disse que ainda não teve acesso às imagens e que, em oito anos como docente, a professora nunca tivera qualquer mancha em sua conduta. Segundo ele, tudo indica que a professora buscava apenas aplicar a disciplina usando brincadeiras, sem que houvesse qualquer intenção de maus tratos.