Trabalhadores do Sistema Petrobras iniciaram uma greve nacional a partir da zero hora desta segunda-feira, 15, interrompendo por tempo indeterminado as atividades.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o movimento começou forte já na madrugada, com a entrega da operação das plataformas do Espírito Santo e do Norte Fluminense às equipes de contingência da empresa, bem como do Terminal Aquaviário de Coari, no Amazonas, onde 100% da operação aderiu ao movimento.

“Pela manhã, os trabalhadores de seis refinarias das bases da FUP também aderiram à greve nacional e não realizaram o revezamento de turno, às 7 horas. Até o momento, estão sem troca nos grupos de turno as refinarias Regap (Betim/MG), Reduc (Duque de Caxias/RJ), Replan (Paulínia/SP), Recap (Mauá/SP), Revap (São José dos Campos/SP) e Repar (Araucária/PR)”, diz a nota do sindicato.

A decisão foi tomada após a rejeição da segunda contraproposta apresentada pela estatal para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), considerada insuficiente pelas entidades representativas da categoria.

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A nova proposta foi entregue pela Petrobras na terça-feira (9), mas, segundo os sindicatos, não avança nos três pontos centrais das negociações: a busca por uma solução definitiva para os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, que impactam diretamente a renda de aposentados e pensionistas; melhorias no plano de cargos e salários, com garantias de recomposição sem aplicação de mecanismos de ajuste fiscal; e a chamada pauta pelo Brasil Soberano, que defende a manutenção da Petrobras como empresa pública e um modelo de negócios voltado ao fortalecimento da estatal.

A FUP afirmou que, além de não apresentar respostas conclusivas sobre os PEDs — tema discutido há quase três anos com o governo e entidades de participantes —, a empresa também não ofereceu soluções consistentes para outras pendências acumuladas ao longo do processo de negociação.

6 refinarias e 16 plataformas atingidas

A greve nacional de trabalhadores da Petrobras obteve até o momento a adesão de 16 plataformas de petróleo no litoral do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, além de seis refinarias e outras instalações da companhia, informou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), em nota.

A paralisação, que não tem data marcada para acabar, ocorre em meio a disputas relacionadas ao Acordo Coletivo de Trabalho e não causou impactos da produção de petróleo e derivados até o momento, segundo a petroleira.

“O primeiro dia da greve nacional da categoria petroleira já demonstra um movimento muito forte em todos os Estados do país”, disse em nota o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Geralmente, durante greves, trabalhadores passam operações para equipes de contingência da petroleira, de modo a evitar ou reduzir impactos operacionais em refinarias e plataformas de petróleo. Quando a paralisação dura poucos dias, dificilmente há impactos no abastecimento.

“A empresa adotou medidas de contingência para assegurar a continuidade das operações e reforça que o abastecimento ao mercado está garantido”, disse a Petrobras, em nota, pontuando que respeita o direito de manifestação dos empregados.

A FUP afirmou que houve adesão das plataformas PGP-1, PNA-2, P-09, P-19, P-25, P-35,P-38, P-40, P-43, P-48, P-51, P-54, P-56 e P-62, no Norte Fluminense, na Bacia de Campos, de onde os funcionários desembarcaram, além de outras duas no Espírito Santo, que não detalhou.

Não há notícia de adesão das plataformas da Bacia de Santos, onde estão os maiores campos produtores do pré-sal, geralmente com unidades afretadas.

A federação ressaltou ainda em nota que “sem a troca regular de turnos, a unidade fica parcialmente paralisada ou opera em contingência, o que impacta diretamente a produção e a rotina operacional”.

Segundo a FUP, a greve também alcançou campos de produção terrestre da Bahia, unidades da Transpetro, da PBio e do Terminal Aquaviário de Coari (AM), além da Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB), em Macaé, e da Estação de Compressão da TBG em Paulínia.

No Rio Grande do Norte, a sede administrativa da Petrobras em Natal teve 90% de adesão, adicionou a FUP.

No caso das refinarias, logo pela manhã, seis refinarias vinculadas a ela não realizaram a troca de turno — procedimento em que não ocorre a passagem formal da operação para a equipe seguinte, impedindo o revezamento regular e exigindo o acionamento de contingência, conforme os protocolos de segurança.

A situação ocorreu nas refinarias Regap (Betim/MG), Reduc (Duque de Caxias/RJ), Replan (Paulínia/SP), Recap (Mauá/SP), Revap (São José dos Campos/SP) e Repar (Araucária/PR), reforçando o caráter nacional e unitário da greve, segundo a FUP.

Posicionamento da Petrobras

Em nota, a Petrobras informou que foram registradas manifestações em unidades da companhia em virtude de movimento grevista.  A companhia destacou que não há impacto na produção de petróleo e derivados e acrescentou que adotou medidas de contingência para assegurar a continuidade das operações e reforça que o abastecimento ao mercado está garantido.

“A empresa respeita o direito de manifestação dos empregados e mantém um canal permanente de diálogo com as entidades sindicais, independentemente de agendas externas ou manifestações públicas”, diz a Petrobras.

A empresa completa que segue empenhada em concluir a negociação do  acordo na mesa de negociações com as entidades sindicais.