19/03/2023 - 12:49
A inflação, as tensões geopolíticas, o estresse no trabalho e os efeitos da pandemia de Covid-19 são fatores que abalam a saúde mental no mundo. O Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Outros dados também mostram que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno como a depressão.
O Relatório de Saúde Mental do Grupo AXA, empresa de seguros e gestão de ativos, mostra que funcionários têm três vezes mais chances de prosperar se trabalharem em uma empresa que oferece suporte à saúde mental. No estudo, 40% dos entrevistados falaram que sentem que suas habilidades têm sido questionadas simplesmente por causa de seu gênero. A pesquisa também aponta que um em cada três jovens de 18-24 anos acredita que o vício em tecnologia e redes sociais tem um impacto negativo no bem-estar.
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Para Daniel Spolaor, CEO da Korú, plataforma de empregabilidade, são poucas as ações das organizações em saúde mental. A maioria dos programas de benefícios, segundo ele, é centrada em saúde física, mesmo em grandes corporações. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido a problemas de saúde mental, que custam quase um trilhão de dólares à economia global.
“A saúde mental ainda é um dos maiores tabus e motivos de desalinhamento entre pessoas e organizações. Investir na saúde mental dos colaboradores significa manter uma equipe mais equilibrada, focada, feliz e, consequentemente, mais produtiva”, diz Daniel.
O CEO considera importante o movimento que as healthtechs estão fazendo de se voltarem para o tema da saúde mental e oferecerem soluções para as empresas. “O desenho de programas de saúde mental está se intensificando no mercado e isso vai contribuir para elevar o nível de aprendizado das organizações sobre o assunto, ajudando na forma como o RH lida com os problemas de saúde mental dos funcionários”, afirma.
A especialista em gestão de conflitos e de comunicação não violenta, Diana Bonar, explica que as pessoas estão mais vulneráveis e ansiosas ao mesmo tempo que precisam desenvolver habilidades de adaptação e de resolução de problemas complexos, inclusive dentro do âmbito do trabalho. Segundo a especialista, o que traz maior e melhor resultado para uma empresa é o fator da segurança psicológica.
“Em um ambiente onde os colaboradores possam ser autênticos, expressar quem são, dizer o que incomoda com respeito, onde não há medo de julgamento ou punição, as pessoas tendem a se sentir mais seguras e acolhidas. Esses ambientes são mais criativos, inovadores e as pessoas têm o foco na solução”, frisa a especialista.
De acordo com Diana, investir na saúde mental e emocional da equipe não é apenas sobre ter um olhar humano e sensível, mas também sobre estratégia de desenvolvimento, retenção de pessoas e melhores resultados.
“Para qualquer grupo de pessoas criar um ambiente de confiança, que é a base da construção da segurança psicológica, é importante poder se expressar e que eles sejam ouvidos. É essencial que esse grupo possa mostrar vulnerabilidade, por exemplo, quando algo na vida pessoal não vai bem e que se tenha um suporte necessário dentro das corporações (até para liberdade de discordar de distintos assuntos e mesmo assim serem ouvidos independente da questão)”, finaliza.