21/10/2011 - 21:00
Papéis avulsos
Os resultados financeiros das construtoras no terceiro trimestre agradaram os investidores. A MRV anunciou na terça-feira 18 o maior volume de lançamentos de sua história, com R$ 1,44 bilhão, uma alta de 40,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Além dos lançamentos, a MRV erigiu boas vendas: no período, ela faturou R$ 1,08 bilhão, alta de 11% em relação ao mesmo período de 2010. O analista de construção da Ativa Corretora, Armando Halfeld, disse que o resultado é “marginalmente negativo”, pois considera que ficou mais difícil para a empresa cumprir a meta de vender R$ 4,5 bilhões este ano. No entanto, Halfeld recomenda a compra dos papéis. “A variação das ações neste ano não condiz com os bons fundamentos da empresa”, diz. Outras empresas também divulgaram seus números.
A Rossi Residencial anunciou na quarta-feira 19 lançamentos de R$ 1,01 bilhão em VGV, em linha com as projeções da companhia. À primeira vista, os números da Gafisa foram negativos. Os lançamentos caíram 15%, passando de R$ 1,2 bilhão no terceiro trimestre de 2010 para R$ 1,05 bilhão em 2011. No entanto, segundo o analista Erick Scott, da corretora SLW, a queda se deve basicamente à redução de ritmo do segmento popular Tenda. Os lançamentos do segmento Gafisa, de imóveis de maior valor agregado, cresceram 23%, chegando a R$ 653 milhões no trimestre e representando 62,1% do total lançado.
Quem vem lá, mesmo?
Pssst! A GP Investimentos quer captar recursos – mas é segredo
Não conte para ninguém, mas a empresa de private equity GP Investimentos quer captar dinheiro no mercado. Os detalhes dessa operação ainda são um segredo bem guardado. A empresa deu entrada na Comissão de Valores Imobiliários (CVM) ao pedido de registro de companhia aberta para quatro empresas que controla: Nantes, Nisa, Noah e Naomi Participações, que são produto da cisão de outra empresa aberta chamada Basel Participações, controlada pela GP. Não se assuste se você nunca ouviu falar, pois quase ninguém ouviu: a Basel não tem nem página na internet. Consta na página da CVM que a Nantes, a Nisa, a Noah e a Naomi são veículos para administrar participações, e mais nada. Procurada por DINHEIRO, a GP não explicou em que setores essas companhias aplicam e quais são os investimentos. Com o registro de companhia aberta aprovado, as empresas de participação poderiam fazer operações como emitir ações na bolsa ou negociar debêntures.
Fique de Olho: apesar de todo esse mistério, não é segredo que as ações da GP estão tendo uma fase ruim na bolsa. No acumulado do ano, a queda é de 42,7%
Destaque no pregão
Mais gás para a Ultragaz
A Ultragaz comprou, por 20 milhões de euros, a filial de distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) da Repsol Gás Brasil. A empresa adquirida pela Ultragaz vende anualmente 22 mil toneladas de gás para 2.400 clientes, fundamentalmente industriais, nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A Ultragaz faz parte do grupo brasileiro Ultrapar, presidido por Pedro Wongtschowski, que também distribui combustíveis e atua na petroquímica.
Palavra de analista: Esse mercado tem um ritmo de crescimento lento, dependente basicamente do crescimento da atividade industrial e da população. Por conta disso, é muito difícil uma empresa ampliar sua receita, explica Luiz Otávio Broad, analista de petróleo e gás da Ágora Corretora. “Essa foi uma ótima oportunidade para Ultragaz aumentar as sinergias e gerar valor ao acionista”, diz Broad. O valor da transação foi considerado baixo para o fluxo de caixa da Ultrapar, mas segundo Marcos Pereira, da Votorantim Corretora, a aquisição é “estrategicamente positiva” para a Ultrapar.
Touro x Urso
Depois de várias sessões em alta, a bolsa de valores fechou em queda de 1,7% na quinta-feira 20, devolvendo os lucros dos pregões anteriores devido à piora da situação europeia. Enquanto as lideranças da Alemanha e da França tentavam costurar um acordo e os contribuintes gregos protestavam nas ruas, os investidores resolveram colocar os ganhos no bolso temendo um aprofundamento da crise. Na próxima semana, as atenções do mercado estarão mais uma vez voltadas para a novela em que se transformou a tragédia grega. Apesar de notícias como o rebaixamento da classificação de risco de países importantes, como a Espanha, já exercerem pouca influência no mercado, a percepção dos analistas é de que a confirmação de um calote da Grécia pode provocar novas ondas de venda.
Educação financeira
No livro Filhos: seu melhor investimento, a autora Celina Macedo buscou fornecer aos leitores um guia prático para ajudar na difícil tarefa de educar financeiramente as crianças e ensiná-las a transformar o dinheiro em um aliado. O livro faz parte da coleção Expo Money. Campus/Elsevier, R$ 35.
Mercado em números
Randon
R$ 3,1 bilhões - É quanto somou a receita líquida da Randon em 2011 até setembro, alta de 16,3% ante o mesmo período de 2010.
Aliansce
R$ 1,2 bilhão - Foi quanto venderam os shopping centers da Aliansce no terceiro trimestre de 2011, aumento de 27,9% ante o mesmo período de 2010. O valor inclui shoppings novos, que responderam por R$ 105,1 milhões das vendas no período.
ALL
R$ 1,2 bilhão - É quanto alcançou o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da América Latina Logística nos nove primeiros meses do ano, alta de 11% ante o mesmo período de 2010. No terceiro trimestre, o resultado subiu 16,3%, para R$ 428,9 milhões.
EMBRAER
US$ 200 milhões - Foi quanto a Embraer somou no terceiro trimestre à sua carteira de pedidos firmes de entrega, que até o final de setembro de 2011 totalizava US$ 16 bilhões.
GOL
886.800 - foi o número de ações da Gol que a gestora americana Fidelity Investments adquiriu. Somando os 6.146.700 ADRs comprados para investimento, os papéis equivalem a 5,27% das ações preferenciais emitidas pela Gol.
Pelo mundo
Goldman Sachs no vermelho
O banco americano Goldman Sachs obteve prejuízo líquido de US$ 393 milhões no terceiro trimestre de 2011. Por ação, o prejuízo foi de US$ 0,84, revertendo um ganho de US$ 2,98 por papel no mesmo período de 2010 e de US$ 1,85 um trimestre antes. No dia seguinte ao anúncio, os papéis caíram 1,42%.
Louis Vuitton com resultados de luxo
O grupo do segmento de luxo Moët Hennessy Louis Vuitton (LVMH) anunciou uma receita recorde de E 16,3 bilhões nos nove primeiros meses do ano, alta de 15% ante o mesmo período de 2010. As vendas também cresceram 15% no período, no qual o impacto cambial negativo foi compensado por mudanças estruturais, como a consolidação da marca Bulgari em junho. Apesar dos resultados, os papéis caíram 1,2% em Paris no dia do anúncio.
J&J lucra menos
A fabricante de medicamentos e produtos de higiene pessoal Johnson & Johnson anunciou que suas vendas no terceiro trimestre de 2011 somaram US$ 16 bilhões, alta de 6,8% ante o mesmo período de 2010. Apesar da alta, o lucro líquido no mesmo período caiu 6,3%, para US$ 3,2 bilhões. Apesar da queda no lucro, as ações subiram 1% em Nova York no dia do anúncio.
Personagem
Cliques padronizados
O Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim), entidade patrocinada pelos principais participantes do mercado de capitais, definiu na segunda-feira 17 uma padronização das páginas de relações com investidores na internet. A cartilha deve guiar as companhias em sua comunicação com o mercado. Rodrigo Azevedo, CEO da consultoria especializada em relações com investidores RIWeb, conversou com a DINHEIRO.
Azevedo, da RIWEB: as empresas não conversam direito com os investidores
Em geral, as empresas brasileiras ainda estão distantes do que o Codim definiu com sendo o ideal?
A situação melhorou muito. Há cerca de três anos, tínhamos um cenário assustador. As empresas tinham sites muito parecidos entre si, com documentos disponíveis apenas em formato PDF e com navegação limitada. Hoje, elas estão melhorando a qualidade dos seus sites, oferecendo novos formatos para os documentos e tornando-os mais acessíveis.
Qual a importância dos sites para os investidores?
O site é o contato número 1 da empresa com seus acionistas. Se um investidor quer comprar mais papéis ou se desfazer das ações de uma empresa, ele vai consultar o site para procurar informações e tomar suas decisões. Se ele tiver uma dúvida, é pouco provável que ligue para o departamento de Relações com Investidores (RI); ele vai pesquisar na internet. Por isso a necessidade de ter um site acessível.
O que o investidor ganha com uma padronização maior dos sites?
O pronunciamento tem pontos que definem que a navegação seja mais acessível e mais intuitiva. Ou seja, qualquer novo acionista de uma empresa vai conseguir usar qualquer site mais facilmente e encontrar as informações que procura de maneira mais transparente.
Um dos pontos do pronunciamento foi a preferência por sites não divididos por perfil de internauta. Quais as vantagens dessa unificação?
Muitos sites são divididos em basicamente três perfis: investidor pessoa física, institucional e analistas. Mas as informações contidas ali não mudam. O balanço traz os mesmos números, não importa quem está lendo. Além de aumentar o trabalho de manutenção para a empresa, essa divisão pode causar insegurança. Um investidor individual pode pensar que terá menos informações do que um analista. Os investidores teriam de navegar por todo o site para ter certeza de que estão recebendo todas as informações, e isso não é correto.
As empresas brasileiras investem o suficiente em comunicação com o mercado?
Não. Os departamentos de RI gastam milhões para elaborar um prospecto, mas não fazem o mesmo quando o assunto é comunicação. O mercado de investidores pessoas físicas é pequeno no Brasil, mas talvez por culpa das próprias empresas, que não conversam direito com elas.
Colaboraram Fernanda Pressinott e Lilian Sobral