Desprezadas pelo mercado no primeiro semestre, as construtoras e incorporadoras sofreram na bolsa (veja quadro). Mas, com a expectativa de parte do mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) tenha encerrado o ciclo de alta de juros, o setor teve um alívio. Na quinta-feira 21, um dia após a decisão do Banco Central, as ações da Gafisa subiram 7%. A Rossi Residencial subiu 6,8% e a Cyrela, 3,8%. “O mercado vai olhar os resultados, como as empresas se comportam com o fim da alta de juros e como isso reflete no estreitamento do crédito”, diz o economista da Legan Asset Management, Fausto Gouveia. As prévias do segundo trimestre anunciadas no início de julho também podem ajudar. Na Rossi Residencial, os lançamentos entre abril e junho somaram R$ 1,6 bilhão, alta de 67%. Na Gafisa, os lançamentos somaram R$ 1,38 bilhão, alta de 37%. “Os papéis chegaram no fundo e agora o setor tem bastante espaço para avançar”, diz o economista da Futura Investimentos, George dos Santos.

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Destaque no pregão 

Mundial cai 62,8% em dois dias

 

Após a Mundial, dona das marcas Impala e Hercules, comunicar, na quarta-feira 20, a entrada de um investidor estrangeiro na empresa, as ações preferenciais caíram 50,9%. No dia seguinte, o recuo foi de 24,3%. O aporte será de até US$ 50 milhões pelo fundo de investimentos americano YA Global Investments BR. Os investidores receberam mal os cálculos do preço das ações vendidas. A mundial vem se destacando por uma forte alta, com ganho de 747,7% em 12 meses e de 88,1% em 30 dias. 

 

Palavra do analista: Não há fundamentos para uma queda tão forte na opinião do economista da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira. Segundo ele, apesar do baixo preço do papel favorecer a especulação, a empresa tem se esforçado em sua reestruturação, com a migração para o Novo Mercado e mais transparência. “Uma realização de lucros é salutar, mas o mercado exagerou”, diz ele, que acredita que a ação pode ser boa para o longo prazo. 

 

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Consumo

 

Lucro menor para a Natura

 

A Natura lucrou  R$ 188,1 milhões no segundo trimestre, queda de 1,8% ante o mesmo período de 2010. “Mesmo com o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, a Natura apresentou um fraco crescimento das vendas e aumentou despesas”, afirmam analistas do

BB Investimentos, em relatório. Apesar do resultado, o semestre fechou positivo, com alta de 2,8% no lucro líquido, para R$  591,3 milhões.

 

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Educação financeira

 

Até que enfim é segunda!, da consultora americana Roxanne Emmerich, traz histórias reais de gestores de empresas que, por meio de uma mudança na cultura corporativa de suas companhias, conseguiram transformar o ambiente de trabalho em um lugar agradável e produtivo. (Ed. Sextante, R$ 19,90)

 

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Touro x Urso

 

Após duas semanas de queda, o Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa, subiu 1,31% entre segunda e quinta-feira, reduzindo a perda anual para 13%. A melhora das expectativas sobre a crise americana e o plano de resgate à Grécia acalmaram investidores. Analistas acreditam, no entanto, que a baixa permanece no médio e longo prazo e o Ibovespa deve encerrar o ano perto do patamar atual.  Na última semana do mês, serão divulgados, nos Estados Unidos, dados de confiança do consumidor (26) e de renda (29). No Brasil, o mercado recebe a ata da última reunião do Copom (28). 

 

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Oferta pública

 

Mercado amargo para IPO de ações da Copersucar

 

A instabilidade dos mercados acionários fez com que a Copersucar, maior comercializadora brasileira de açúcar e etanol, suspendesse sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Na semana anterior, a Inbrands, dona de marcas como Salinas e Richards, fez o mesmo, mas não confirmou o fato ao mercado. Com o pedido, a análise será suspensa por 60 dias.

 

Fique de olho: Previsto para somar até R$ 2,7 bilhões, esse poderia ser o maior IPO do ano.

 

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Mercado em números

 

Randon

 

R$ 2 bilhões - Foi quanto somou a receita líquida da Randon no primeiro semestre do ano, alta de 20,6% ante o mesmo período de 2010. 

 

 

Aliansce

 

R$ 1,2 bilhão - Foi o valor das vendas totais nos shoppings da Aliansce no segundo trimestre do ano, um aumento de 29,1% ante o mesmo período de 2010. 

 

 

Tesouro direto

 

R$ 264,87 milhões – É o montante financeiro vendido em junho no Tesouro Direto, com destaque para a demanda de títulos indexados ao IPCA, com 49,04% das vendas. O total de investidores cadastrados atingiu 249.638 até o final de junho.

 

 

Banco Fibra

 

R$ 160 milhões - Foi o aporte recebido pelo Banco Fibra, que investirá para crescer em crédito. Do total, R$ 80 milhões vieram do International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, e R$ 80 milhões são um compromisso de investimento do fundo IFC African, Latin American and Caribbean (Alac).

 

 

Kroton

 

R$ 28,4 milhões – Foi quanto a Kroton Educacional pagou pelo Centro de Ensino Atenas Maranhense (Ceama). A Kroton ainda mantém a opção de comprar o terreno de 5,5 mil metros quadrados onde está a Faculdade Atenas Maranhense, controlada pela Ceama.

 

 

 

 

Pelo mundo

 

Refresco para a Coca-Cola 

A Coca-Cola lucrou US$ 3,4 bilhões no segundo trimestre do ano, alta de 18% ante o mesmo período de 2010. As vendas mundiais impulsionaram o resultado, mas a alta das commodities desacelerou os números. Com o anúncio, as ações subiram 3,3% nos Estados Unidos. 

 

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Cisco quer economizar  

Como parte de um corte de custos de US$ 1 bilhão anuais, a americana Cisco Systems anunciou a demissão de 6.500 funcionários nos Estados Unidos, no Canadá e em outros países que ainda não foram selecionados. A companhia também anunciou a venda de uma fábrica no México para a Foxconn, unidade que emprega 5 mil funcionários. No dia do anúncio, os papéis da empresa caíram 0,99% na Nasdaq. 

 

American Airlines anuncia encomenda recorde 

A aérea American Airlines fez uma encomenda de 460 aeronaves à Airbus e à Boeing, considerada uma das maiores da aviação. Apesar de não revelado, o valor total do pedido é estimado em US$ 40 bilhões. No dia do anúncio, as ações da companhia caíram 0,20%.

 

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Personagem

 

Latinos buscam Nova York  

 

Com investidores mundiais se voltando para papéis de novas economias emergentes, as companhias da América Latina ganham destaque e começam a buscar a bolsa de Nova York para listar suas ações. Alex Ibrahim, vice-presidente e chefe regional para América Latina, Bermudas e Caribe do Grupo NYSE Euronext, conversou com a DINHEIRO.

 

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Alex Ibrahim, diretor da Nyse: empresas latinas começam a buscar a bolsa americana

 

 

Quais países da América Latina começam a atrair investidores?

Há um interesse grande por mercados que estão começando a crescer, como Colômbia, Chile e Peru. Há cinco anos, o dinheiro alocado em ações na América Latina eram US$ 100 bilhões por ano. Hoje esse valor é de US$ 500 bilhões. O Brasil ainda é o maior responsável, mas os outros países da região começam a mostrar um crescimento de captação tão grande quanto o do País.

 

As empresas latino-americanas já buscam o mercado financeiro?

Sim. O mercado está se desenvolvendo com a demanda de empresas que estão aumentando sua atuação na região.

 

Quais setores têm maior potencial?

São os de atividades relacionadas ao crescimento interno das economias, como bancos, varejo e infraestrutura. 

 

E quem são os investidores?

Principalmente europeus e americanos. Claro que há investidores locais, como grandes fundos de pensão. O mercado de investidores de varejo também já existe, mas ainda é muito pequeno. 

 

O que leva uma empresa latina a listar suas ações na NYSE?

Ao acessar a bolsa de Nova York, a empresa fica muito próxima a investidores globais, ganhando visibilidade. Outro ponto é que, quando uma companhia acessa o mercado internacional, ela adere às regras de governança corporativa mais fortes do mundo e dá mais confiança aos novos investidores. Mais um motivo é a liquidez, pois essas ações ficam disponíveis para a compra e a venda mais facilmente.

Por último, outra vantagem é a diversificação da base de acionistas, que acaba diluindo os riscos para a empresa.

 

Qual é a principal vantagem de investir nessas empresas?

A oportunidade de crescimento. Ao olhar para a economia europeia ou de outros países desenvolvidos, a taxa de crescimento de consumo está praticamente estabilizada. Na América Latina, as economias crescem a taxas de 6% ao ano. 

 

E quais os principais riscos?

A inflação, que pode aparecer num cenário de crescimento, e o risco político. Os governos podem tomar medidas para desacelerar essa expansão. Também há o risco de países consumidores dos produtos dos novos emergentes diminuírem as compras. Mas esse fator é menor, pois o que impulsiona é o mercado interno.

 

 

com Juliana Schincariol e Lilian Sobral