06/11/2019 - 7:05
O fundo americano L Catterton comprou um terço das ações da Odonto Company, rede de clínicas odontológicas voltada às classes C e D. O valor do aporte não foi revelado, mas o fundo não costuma fazer “cheques” inferiores a US$ 50 milhões, ou R$ 200 milhões. Continuam na sociedade Paulo Zahr, que fundou a empresa há 30 anos, no interior de São Paulo, e José Carlos Semenzato, conhecido investidor em negócios de apelo popular, como Microlins (ensino profissionalizante), Embelleze (salões de beleza) e Espaço Laser (depilação).
Depois de 20 anos como empreendedor individual – sem conseguir fazer uma expansão relevante de seu negócio -, Zahr se associou a Semenzato em 2011 com o objetivo de replicar o modelo de atendimento a preços baixos em todo o País. De lá para cá, o negócio passou de apenas duas para um total de 600 pontos, graças ao sistema de franquias.
Com o aporte do fundo americano, a ideia é dobrar o número de unidades nos próximos dois anos. O valor das franquias varia de R$ 220 mil a R$ 450 mil, dependendo do tamanho da clínica contratada. “Já temos 280 contratos assinados para o ano que vem”, adianta Semenzato. O faturamento atual da Odonto Company deve ser de R$ 600 milhões em 2019.
Zahr explica que o modelo de clínicas foca no público que não pode ter acesso à maioria dos consultórios, voltados para as classes A e B. A estratégia é de preço baixo e volume – uma obturação, por exemplo, custa R$ 29,90.
Para um executivo de banco de investimento ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo, a atuação na odontologia tem uma vantagem clara em relação a modelos de atendimento médico, como o Dr. Consulta. Neste caso, o paciente tem a opção de recorrer ao SUS, que é obrigado por lei a oferecer atendimento gratuito à população. “Não existe um SUS da odontologia. O atendimento dentário público é bem mais restrito. Então, a pessoa, por mais pobre que seja, vai ter de pagar alguma coisa em um caso mais emergencial. Na hora da dor, todo mundo dá um jeito.”
Isso não quer dizer que as grandes apostas de fundos em clínicas odontológicas sejam um caminho certeiro. Exemplo disso foi a Imbra, companhia de implantes dentários, que pertencia ao fundo GP Investimentos. Além de ter sido um fracasso comercial – o fundo foi obrigado a repassar a empresa por R$ 1 para o fundo abutre Arbeit, o projeto também deixou um rastro de consumidores que pagaram pelo tratamento e ficaram sem atendimento.
Para o fundo L Catterton, o investimento em uma rede de clínicas odontológicas de apelo popular faz sentido, uma vez que a empresa também é dona do maior negócio do gênero no Canadá, a Dental Corp, que tem 250 unidades. A rede também investe em uma proposta semelhante na Itália, a Care Dent. Por aqui, o fundo já tem uma parceria com Semenzato na Espaço Laser. Em outro segmento, o da classe A, o L Catterton está presente na rede de supermercados St. Marché.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.