26/08/2019 - 7:56
Gestoras que atuam com fundos de investimento em renda fixa costumam remunerar melhor os clientes quando comparadas com bancos de varejo, segundo levantamento realizado pela consultoria Economática. No estudo, que considera o período de 2013 até agosto deste ano, o retorno obtido pelas gestoras, que incluem as corretoras de investimento, só não superou em duas ocasiões o dos cinco maiores bancos de varejo do País – Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander.
Especializada em análises financeiras, a Economática utilizou as medianas dos retorno de investimento de todos os fundos de renda fixa existentes no mercado para avaliar quem entrega os maiores resultados ao investidor.
As medianas, diferentemente da média comum, descartam os resultados muito positivos e os muito negativos. Isso significa que os valores “fora da curva” são desconsiderados da estatística, garantindo uma redução de possíveis distorções da realidade.
Foi constatado que as gestoras pagaram maior retorno aos seus clientes em 2014, 2016, 2017, 2018 e 2019, até o dia 16 de agosto, período em que foram analisados pela Economática 1.355 fundos dos grandes bancos e 962 de gestoras.
Em 2013 e 2015, bancos ofereceram maior rentabilidade na mediana. Em 2015, por exemplo, pagaram 98,84% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), enquanto as gestoras repassaram 98,50%.
O CDI é, na maioria das vezes, a referência da remuneração dos clientes em fundos de renda fixa e tem um valor muito próximo à Selic, taxa básica de juros, atualmente, em 6%.
Neste ano, o cenário se inverteu. Os bancos pagaram 99,16% do CDI e as gestoras, 106,10%.
O gerente de relacionamento institucional e comercial da Economática, Einar Rivero, explica que, mesmo as gestoras tendo desempenho maior em grande parte dos casos, não significa que os bancos sejam boas opções para o investidor. “O cliente precisa questionar o gerente de seu banco, para ver se o fundo em que investe está dentro ou abaixo da mediana, porque, se estiver abaixo, é ruim. Mas, se o fundo está com um retorno superior, não tem motivo para deixar a instituição.”
O diretor comercial da corretora Easynvest, Fábio Macedo, diz que, além de avaliar o retorno do CDI, é importante que o investidor tenha conhecimento das taxas de administração cobradas tanto em bancos quanto em corretoras, para não reduzir muito os ganhos ou, até mesmo, ter prejuízo.
Segundo Macedo, em momentos em que a taxa básica de juros está alta – cenário observado no País até outubro de 2016, quando a Selic estava acima de 14% ao ano – o impacto de uma taxa de administração de 2% a 5% é minimizado. Mas com a Selic a 6%, a perda de remuneração é muito maior. “O investidor tem de ficar atento aos custos, qualquer fator adicional afeta a rentabilidade.”
O que dizem os bancos. A Caixa e o Banco do Brasil informaram, por meio de nota, que oferecem portfólios de investimento com várias estratégias para o cliente, considerando objetivos, horizontes e perfil de risco.
O BB comentou que a pesquisa não engloba todo o universo de fundos da instituição. “Podemos inferir que foram ponderados fundos que apresentam o benefício de movimentação automática, não comparáveis a outros fundos disponíveis na grade do Banco, pois são utilizados como ferramenta de apoio à gestão de fluxo de caixa para a rentabilização de conta-corrente/recursos de curtíssimo prazo. Fundos de movimentação automática não compõem a carteira sugerida ao cliente e não são considerados para avaliar a adequação da carteira de investimentos ao perfil do investidor.”
Procurados, Bradesco, Santander e Itaú não se pronunciaram.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.