10/12/2008 - 8:00
AJUDAR O OUTRO SEM esperar nada em troca é uma atitude nobre. Mas se, ao mesmo tempo, é possível ver seu dinheiro render, a nobreza pode se multiplicar na mesma proporção. Fundos que direcionam parte da taxa de administração para obras sociais são poucos no Brasil. O último foi lançado recentemente pela Mapfre DTVM. Chamado de Mapfre AACD Referenciado DI, o fundo terá 70% da taxa de administração direcionada para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). ?No meio de um ambiente turvo, no qual a única coisa que se fala é crise, vamos olhar para quem está em crise permanente?, diz Antonio Cássio dos Santos, presidente da Mapfre. Ele quer que o fundo, com aplicação inicial de R$ 1 mil, seja popular entre os clientes e até os próprios concorrentes. ?Queremos que os outros participantes do mercado imitem a idéia?, afirma o empresário.
NOVO FUNDO DA MAPFRE DESTINARÁ 70% DA TAXA
DE ADMINISTRAÇÃO PARA A AACD
Existem outros fundos com esse perfil no mercado. A própria companhia possui o Mapfre Corporate Governance, um multimercado que repassa anualmente 5% da taxa de gestão para a Apae São Paulo. ?Nós não teremos lucro nenhum. Pois o restante da taxa irá para encargos. Esse é um trabalho voluntário de toda a nossa equipe?, celebra Santos. O fundo terá o mesmo desenho que o Mapfre Plus FIC Referenciado RI que, de acordo com o ranking da DINHEIRO da edição 583, acumulava 10,81% de rentabilidade no ano. Quando questionado se ambos os fundos irão competir entre si, Santos nega. ?Nós mensuramos o risco de canibalização e ele não existe. Queremos que esse fundo dê certo?, diz. Outra instituição que também direciona parte de sua taxa de administração para obras sociais é o HSBC, com o fundo HSBC FIC Referenciado DI LP Ação Social. O fundo tem 50% do valor da taxa de administração direcionado para o Instituto HSBC Solidariedade. ?Mensalmente, o fundo direciona aproximadamente R$ 45 mil para o instituto?, conta Valéria Fontes, gerente de produtos da HSBC Global Asset Management. Esse valor é dividido entre projetos temporários, mas proporciona uma ajuda fixa à Comunidade Sarnelli, que tem como objetivo a recuperação e educação de adolescentes. O HSBC possui ainda o HSBC Gif Brazil Equity, um fundo de investimento em ações de empresas brasileiras, sediado em Luxemburgo e voltado para investidores estrangeiros. Nesse fundo, 7,5% da taxa de gestão recebida pelo banco é revertida para a Brazil Foundation, que mantém escolas no interior do Nordeste. O Itaú, por sua vez, oferece o fundo de ações Itaú Excelência Social, que destina 50% da taxa a projetos sociais.
Há também os fundos que fazem bem ao meio ambiente. O Itaú Ecomudança DI e Itaú Ecomudança RF destinam 30% das receitas para ações que reduzam a quantidade de CO2 na atmosfera. O HSBC FI Ações Sustentabilidade Empresarial (ISE), o Unibanco Sustentabilidade e o Bradesco FIC FIA Planeta Sustentável são alguns dos que replicam o ISE, indicador das empresas que mais respeitam os seres humanos e o planeta em que vivem. O Banco Real administra o Real Ethical e o fundo Floresta Real, produto de renda fixa que ajuda o investidor a acumular créditos de carbono. ?Esses fundos existem nos EUA desde os anos 1960, mas aqui são muito recentes?, lembra Patrícia Berardi, pesquisadora do Centro de Estudos de Sustentabilidade da FGV.