A gestora canadense Brookfield colocou à venda uma área florestal de 210 mil hectares em São Paulo, Bahia, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, avaliada entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões, apurou o jornal O Estado de S. Paulo com fontes a par do assunto.

Essas florestas pertenciam à Fibria e foram vendidas integralmente no fim de 2013 para uma empresa chamada Parkia, que tem entre seus acionistas controladores da canadense Brookfield.

Segundo fontes, a Suzano (que comprou a Fibria) está entre as interessadas em adquirir esses ativos florestais. Os fundos de pensão canadenses PSP e British Columbia Investment Management Corporation, além do braço de florestas do BTG Pactual, também estariam entre os interessados. O Estado de S. Paulo apurou que os dois fundos canadenses e o BTG podem se unir em consórcio para fazer uma oferta – a dos fundos teria sido de US$ 630 milhões.

Ainda segundo a apuração da reportagem, a Brookfield estaria avaliando se desfazer, sem pressa, dos negócios florestais e colocou esse ativo do Brasil à venda. O Itaú BBA está assessorando a gestora nessa transação. A Brookfield é um dos maiores investidores estrangeiros no País. Dona de shoppings (chegou a ter 14, hoje tem 4 unidades), a gestora também tem investimentos na área de infraestrutura e energia no Brasil.

Negociação

Quando a Fibria vendeu essas florestas para a Parkia Participações por R$ 1,65 bilhão, a gigante de celulose recebeu os recursos e reduziu dívidas, mas continuou com as terras arrendadas. Do total de 210 mil hectares, metade é plantada com florestas. À época da venda, em 2013, a Fibria fechou um acordo para continuar como operadora das florestas por 24 anos.

Com a compra da Fibria no ano passado, a Suzano avalia retomar esses ativos florestais para dentro de sua estrutura. No entanto, se não for vencedora na compra dessas áreas, mantém em vigor o acordo que garante o arrendamento dessas terras por 24 anos (fechado em 2013), segundo fontes familiarizadas com o tema. De acordo com elas, há disputa em torno dessas florestas. Os fundos canadenses estão buscando investimentos fora do país de origem e ativos florestais são considerados um investimento seguro. Esse processo de venda está em fase avançada, com os potenciais compradores analisando ofertas vinculantes (firmes).

Nos últimos dois anos, o setor de celulose passou por um amplo movimento de consolidação no Brasil. Além da fusão entre Suzano e Fibria, a Royal Gold Eagle (RGE), do grupo Asia Pacific Resources International Holdings (April), comprou a empresa paulista Lwarcel, e a Paper Excellence adquiriu 49,4% da Eldorado, dos irmãos Batista, donos da JBS. A Lwarcel era considerada a última joia da coroa do setor de celulose depois da fusão da Suzano e Fibria e a compra da Eldorado pela Paper Excellence.

Ativos florestais também entraram no radar de grandes investidores, como forma de garantir matéria-prima para as grandes produtoras de celulose no Brasil. Fundos de investimentos estão entre os principais interessados. A compra de florestas prontas é mais estratégica para as empresas de celulose do que investir no plantio do zero. Por outro lado, os ativos florestais da Brookfield estão em Estados considerados estratégicos, segundo fontes.

Procuradas pelo jornal O Estado de S. Paulo, Brookfield e Suzano não quiseram comentar o assunto. O fundo PSP e o BTG Pactual também não se pronunciaram. O fundo British Columbia Investment Management não retornou os pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.