18/11/2024 - 13:58
Um estudo da S&P Global apontou que somente os fundos de empresas large cap do Brasil bateram seus índices de referência – ou benchmarks – em uma janela de 10 anos.
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Os large cap são fundos alocados em empresas de grande capitalização – geralmente empresas com faturamento acima de US$ 10 bilhões, como Meta e Tesla no exterior, e Vale, Petrobras, Itaú, JBS e Weg aqui no Brasil.
Apesar desse desempenho no longo prazo, a classe também é a única que perde para o benchmark se consideradas janelas mais curtas – de 6 meses, 1 ano, 3 anos e 5 anos. Mais de 80% dos fundos alocados nessas companhias perderam para o benchmark em todos esses períodos.
No lado contrário, os fundos de mid e small caps – empresas de média e pequena capitalização, como SulAmérica, CCR e Localiza (mid caps) ou Arezzo, CVC e Ferbasa (small caps) – possuem performance diametralmente opostas.
Essa classe tem um percentual que perde pro benchmark gradualmente maior quanto mais longeva é a janela, como visto no gráfico abaixo.
O estudo aponta que o índice de referência da casa – o S&P Brazil LargeCap – foi liderado por alguns poucos grandes contribuidores, uma vez que 65,6% dos seus componentes perderam para o índice.
“Com um número tão reduzido de ações ganhando do benchmark, os fundos brasileiros de grande porte tiveram uma das maiores taxas de desempenho inferior (88,9%) registradas por um país em nosso Scorecard SPIVA Global do primeiro semestre. Na categoria de fundos mid/small cap, os gestores se saíram um pouco melhor: 60,6% perderam para o benchmark, recorrendo talvez a ações de alta capitalização com desempenho ligeiramente superior e escolhendo componentes de um universo um pouco menos distorcido”, analisa o especialista Joseph Nelesen, head de Estratégia de Investimento em Índices da S&P Global.
Nelesen ainda acrescenta, como contexto, que no Brasil todos os principais índices da casa de renda variável encerraram o primeiro semestre de 2024 em território negativo, em contraste com 2023, quando os benchmarks de todos os segmentos de capitalização tiveram ganhos de dois dígitos.
“O nosso S&P Brazil BMI, o S&P Brazil LargeCap e o S&P Brazil MidSmallCap caíram 4,1%, 2,3% e 8,5%, respectivamente. Em contrapartida, os índices de referência ANBIMA IDA (títulos corporativos) e ANBIMA IMA (títulos públicos) apresentaram resultados positivos no primeiro semestre, subindo 5,1% e 2,4%, respectivamente. Enquanto isso, o S&P 500 ganhou 32,4% e o O nosso S&P World Index aumentou 28,8% em reais brasileiros durante a primeira metade do ano, ultrapassando o desempenho das ações locais”, relata.
O estudo indica que a assimetria dos retornos das ações – ou a falta dela – pode ter desempenhado um papel na performance dos fundos ativos da América Latina.
Chile e México, os dois países que exibiram as menores taxas de desempenho abaixo do esperado nos principais mercados de ações da América Latina no primeiro semestre, também foram notáveis devido à raridade de ações que superaram seus benchmarks.
Dentro do S&P Chile BMI, 63,6% das ações superaram o próprio benchmark, enquanto no México, 56,8% dos constituintes superaram o S&P/BMV IRT. Em ambos os mercados, os selecionadores de ações tinham uma probabilidade maior de escolher aleatoriamente uma ação vencedora do que uma perdedora.
Títulos de dívida mostram cenário oposto aos fundos de investimento
Diferentemente dos fundos de renda variável alocados em empresas brasileiras ou internacionais, os títulos de dívidas possuem um menor percentual de ativos que está perdendo para seu benchmark em janelas menores.
Quase 80% dos títulos de dívida corporativa, como debêntures, superam o benchmark em uma janela de seis meses. O percentual, contudo, sobe gradualmente conforme a janela temporal é maior. Em 10 anos, mais de 80% desses títulos perdem para o benchmark.
No caso dos títulos de dívida pública o cenário é praticamente idêntico, sendo que a partir de três anos, mais de 40% dos fundos perdem para os seus benchmark, e, em 50 anos, mais de 60% ficam atrás do índice de referência.