A Federação Única dos Petroleiros (FUP) listou 12 medidas que considera necessárias para que a Petrobras exerça seu papel de impulsionadora da economia brasileira, como quer o governo. A entidade cancelou a manifestação que faria nesta quarta-feira, 29, em frente à sede da Petrobras no Rio de Janeiro, depois que a presidente da estatal, Magda Chambriard, marcou reunião para o próximo dia 11 de junho.

Além das reivindicações da categoria, que giram principalmente em torno de cortes de benefícios promovidos pelos governos Temer e Bolsonaro, a entidade avalia que a estatal pode contribuir além do pagamento de tributos e dividendos para a União. As sugestões serão levadas à executiva.

Segundo a FUP, a Petrobras deveria fazer planos de mais longo prazo. No passado, a empresa chegou a lançar seu Plano Estratégico quinquenal e o de longo prazo (2030) ao mesmo tempo. O primeiro foi em 2007, sob a liderança do então presidente José Sergio Gabrielli, que foi atualizado em 2014 por Graça Foster, primeira mulher a presidir a companhia.

Outro ponto que será levado à Magda se refere ao resgate da empresa integrada, com atuação em todo o território nacional e retorno dos investimentos em tecnologia, pesquisa e inovação. Além disso, será pedida a expansão da capacidade instalada do parque de refino nacional, visando reduzir a dependência da importação de derivados e a exposição à volatilidade internacional de seus preços.

Para a FUP, o gás de cozinha, a gasolina e o óleo diesel devem ter tratamento diferenciado, devido a importância destes itens no custo de vida. “A Petrobras também pode atuar junto ao governo federal para a implantação de um estoque regulador de derivados, e para a criação de um imposto sobre exportação de petróleo cru, de modo a capitalizar um fundo moderador dos preços de derivados”, sugere.

Também será pedida a retomada de uma política de recuperação das reservas da companhia no longo prazo, atuando em novas fronteiras, como a Margem Equatorial, e em potenciais exploratórios onshore no nordeste brasileiro e nas bacias offshore de Pelotas e Margem Leste.

“É preciso ainda a retomada de uma política exploratória ativa e própria, com expansão para novas áreas e respeito a legislação e parâmetros ambientais”, afirma o documento.

A FUP pede também a retomada de uma política industrial ativa de conteúdo local, capaz de dinamizar segmentos estratégicos da cadeia de óleo e gás, como a indústria naval e o setor de logística; a ampliação da infraestrutura de escoamento de gás natural no País, insumo importante para descarbonização do parque industrial brasileiro; e a definição de uma estratégia ambiciosa e transparente do papel da Petrobras na descarbonização da matriz energética nacional.

“Para tanto, propomos a revitalização do programa de biocombustíveis, com a preservação da PBio – Petrobras Biocombustíveis – e a retomada de suas plantas de produção”, propõe.

A entidade quer ainda, que Magda reveja os parâmetros de distribuição de remuneração a seus acionistas, um dos temas mais sensíveis na relação entre a estatal e o mercado financeiro, e que faça mudanças no Estatuto Social e no Regimento Interno da empresa, adequando-os a novas necessidades, mais descentralizada, respeitando o papel social da companhia, as vocações e particularidades regionais, “possibilitando maior retomada dos investimentos”, avalia a entidade.