O ritmo das fusões e aquisições no Brasil segue aquecido. Segundo um levantamento da consultoria KPMG, que analisa 43 setores da economia brasileira, foram fechados 533 negócios no primeiro trimestre, alta de 47% ante os 375 realizados no mesmo período do ano passado.

Esse movimento segue uma trajetória iniciada em 2021. No ano passado, a crise, os juros altos e o cancelamento de aberturas de capital levaram ao fechamento de 1,9 mil negócios, 75% a mais do que em 2020. Trata-se do maior número registrado desde 1996, quando a consultoria começou a fazer o estudo. E segundo a KPMG, o ritmo deve seguir aquecido devido às dificuldades provocadas pela liquidez mais apertada e pelos juros e pela inflação em alta, no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa.

Das transações realizadas no primeiro trimestre, 384, ou 69%, envolveram empresas domésticas, um crescimento de 57% na comparação anual. Houve 147 transações em que empresas estrangeiras adquiriram participações de empresas brasileiras, crescimento de 27%. Já no formato de uma empresa estrangeira adquirindo as atividades brasileiras de outra companhia internacional foram contabilizadas 15 operações. E houve sete casos de empresas brasileiras adquirindo participações de empresas estrangeiras com sede no exterior. “Os processos de fusões e aquisições continuam bastante aquecidos e isso deve continuar, apesar dos desafios que ainda se apresentam no contexto econômico local e internacional”, afirmou o sócio da KPMG, Luis Motta.

Dividindo por setores, os negócios ligados a empresas de internet continuam na ponta, com 242. Em seguida vem as operações com empresas de tecnologia da informação com 83, e em seguida vêm prestadoras de serviços, com 35. Os outros segmentos que se destacaram foram instituições financeiras com 26, telecomunicação e mídia com 20, educação com 19, hospitais e clínicas com 16, seguros com 13 e transporte com 12. “A representatividade dos segmentos voltados para transformação digital (empresas de Internet) e tecnologia da informação no total de transações foi de quase 60%, mantendo a tendência crescente dos vetores de tecnologia e inovação no contexto de fusões e aquisições de empresas brasileiras”, disse Motta.

A região Sudeste continua na liderança, com 464 negócios fechados no período, um aumento de 73% na comparação com as 268 transações de 2021. O número das operações no Sudeste corresponde a 83,9% do total. O estado de São Paulo lidera nacionalmente, com 381 transações, atingindo 69% do total nacional.

O maior crescimento de operações ocorreu na região Centro-Oeste do Brasil, que registrou 21 fusões e aquisições no primeiro trimestre de 2022, um aumento de 110% na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando foram registradas 10 transações. O número das operações no Centro-oeste corresponde a 3,8% das transações realizadas no primeiro trimestre de 2022 no Brasil, conforme levantamento da KPMG.