Foi uma festa inusitada – aliás, surpreendente em tempos tão nebulosos de crises internacionais. Em questão de 48 horas, na semana passada, o Brasil foi palco de uma avalanche de fusões, associações, compras e vendas de empresas que somaram cerca de vinte negócios e uma cifra extraordinária de mais de R$ 10 bilhões. De uma marca de cachaça a uma rede de churrascaria, empreendimentos brasileiros típicos trocaram de mãos da noite para o dia, em muitos casos indo parar direto no portfólio de grupos estrangeiros, evidenciando o momento pulsante da produção nacional. Fica claro para todo mundo que a economia, ao menos por aqui, segue em plena efervescência. 

 

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Afinal, ninguém mergulha em tacadas como essas se não estiver disposto a fazer mais investimentos de vulto lá na frente para a decolagem do novo empreendimento. O parque brasileiro, apesar dos pesares, segue a toda a carga, embalado agora pela taxa de juros mais baixa da história. Por trás dessa verdadeira “corrida do ouro” estão as mudanças na lei da concorrência estabelecidas pelo Cade. Foi por conta delas que as empresas anteciparam seus planos de investimento. O redesenho mercadológico exibe corporações mais fortes e ainda mais preparadas para disputar oportunidades externas. De uma maneira ou de outra, vários setores vêm sendo contemplados nessa corrida — da mineração à energia, da educação ao transporte, passando por usinas de açúcar, de carvão e gás. 

 

O que atrai os investidores é, antes de tudo, o potencial crescente de consumidores locais. O movimento recente também deverá ajudar no objetivo do governo de incremento do PIB. Para a presidenta Dilma, o País deve passar ainda neste ano por um novo “choque” de investimentos que garanta taxas de crescimento promissoras. Esse anseio já está sendo colocado em prática. Ela não quer que se repita, em especial na área industrial, o baixo resultado colhido no fim do ano passado e por isso mesmo colocou sua equipe a serviço de medidas que assegurem a expansão. O tema tem ocupado a agenda oficial e mesmo a do setor privado. Um sinal alvissareiro de que a meta deve ser alcançada.