O G20, grupo das 19 principais economias do mundo mais a União Europeia e União Africana, desembarcou de fato no Brasil. O encontro com ministros de Relações Exteriores dos países do bloco, realizado nas últimas quarta-feira (22) e quinta-feira (23), no Rio de Janeiro, marcou o primeiro evento envolvendo integrantes do primeiro escalão dos países. Os integrantes do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) global, mais de 75% do comércio mundial e dois terços da população do planeta. Em dezembro, o País assumiu pela primeira vez a presidência temporária do bloco.

E, enquanto ainda repercutem os debates em torno das questões diplomáticas, como a polêmica fala do presidente Luiz Inácio da Silva sobre Israel, a guerra da Ucrânia e outros conflitos globais, o foco já está no próximo evento preparatório para a reunião de novembro entre os presidentes das nações que compõem o grupo. No encontro, que será em São Paulo nos dias 28 e 29 deste mês, o ministro Fernando Haddad irá coordenar a reunião ministerial da Trilha de Finanças do G20.

A expectativa é de que Haddad volte a falar sobre o Plano de Transformação Ecológica, que pretende garantir linhas de crédito para contribuir com o desenvolvimento sustentável. “Nós estamos propondo que o Brasil lidere uma espécie de reglobalização sustentável, do ponto de vista social e ambiental”, disse o ministro durante a cerimônia de troca de comando do bloco, na Índia.

Antes do evento oficial dos ministros da área econômica, nos dias 26 e 27, também em São Paulo, será realizado o primeiro Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas. O encontro brasileiro, organizado pelo Instituto Arapyaú, Instituto Aya, Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Igarapé, Instituto Itaúsa, Open Society Foudantions e Uma Concertação pela Amazônia, terá a presença do presidente do BID, Ilan Goldfajn; Mark Carney, enviado especial da ONU para ação climática e finanças; além de Haddad e demais líderes globais do setor.

Para Patrícia Ellen, cofundadora da Aya Earth Partners e ex-secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, será uma oportunidade para mostrar, mais uma vez, qual sua posição sobre o avanço na economia verde. “O Brasil precisa liderar a discussão sobre segurança alimentar, transição energética e as questões climáticas”, disse. “É necessário criar um modelo de desenvolvimento para e economia de baixo carbono. Para isso, é preciso de investimentos.”

A grande questão é como o Brasil chegará ao momento principal da sua gestão no G20, nos dias 18 e 19 de novembro, na cúpula dos chefes de Estado: fortalecido a partir de suas posições sobre o futuro da economia global ou fragilizado pelas declarações inoportunas.