Em seu segundo discurso do dia durante a cúpula de líderes do grupo das 20 maiores economias do globo (G20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a desigualdade e a necessidade de combate à fome, como já era aguardado. “Lançaremos, em nossa presidência do G20, uma Aliança Global contra a Fome”, adiantou.

A fala ocorreu durante a segunda sessão do evento realizado em Nova Délhi, com o título “Uma família”. Está prevista mais um discurso do chefe do Executivo amanhã, na cerimônia de encerramento do evento, quando receberá a transmissão da presidência rotativa do G20 da Índia de forma simbólica.

+Voto de qualidade no Carf: tributaristas criticam ‘busca por arrecadação’

Extrapolando as ações internas para o G20, Lula disse que “é preciso colocar os pobres no orçamento público e fazer os mais ricos pagarem impostos proporcionais aos seus patrimônios”. O chefe do Executivo citou que a renda dos mais ricos passou de 18 vezes para 38 vezes a dos mais pobres em dois séculos.

Também salientou que os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%. “Apesar de todos os esforços, nossa família está cada vez mais desunida. O que nos divide tem nome: é a desigualdade, e ela não para de crescer”, afirmou.

O mandatário brasileiro continuou dizendo que, conforme as Nações Unidas, no ritmo atual, cerca de 84 milhões de crianças ainda estarão fora da escola até 2030 e que, segundo a FAO, a fome afeta mais de 700 milhões de pessoas em todo o mundo. “O mundo desaprendeu a se indignar e normalizou o inaceitável”, considerou. “A crença de que o crescimento econômico, por si só, reduziria as disparidades se provou falsa. Os recursos não chegaram nas mãos dos mais vulneráveis.” Lula citou ainda a discriminação contra mulheres, minorias raciais, LGBTQI+ e pessoas com deficiência.

Sobre as instituições financeiras internacionais, uma bandeira do brasileiro que será levada para a presidência no ano que vem, a intenção é a de que sejam reformuladas. “Esses organismos devem funcionar a serviço do desenvolvimento, em vez de agravar o endividamento”, afirmou.