A reunião dos ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 (grupo que reúne países desenvolvidos e emergentes) terminou neste sábado (25) na Índia sem a divulgação de um comunicado conjunto devido às divergências com a China sobre a guerra na Ucrânia.

O G20 Finanças havia iniciado o encontro na sexta-feira em Bangalore, a capital tecnológica da Índia, com o objetivo de coordenar as respostas aos principais desafios econômicos mundiais, aprofundados pela invasão da Ucrânia e pela disparada da inflação.

+ Sabe o velho Flow? Esqueça! Este é o novo Flow

A Índia, que presidiu a reunião, divulgou um “resumo” dos debates e as razões que impediram a publicação de um comunicado conjunto.

“A maioria dos membros (do G20) condenou com veemência a guerra na Ucrânia, com diferentes avaliações da situação e a respeito das sanções impostas à Rússia desde o início da invasão”, afirma o documento.

Um trecho no final do texto afirma que dois parágrafos do projeto de comunicado, relacionadas à guerra na Ucrânia, foram “aprovados por todos os países membros, com exceção da Rússia e da China”.

As divergências sobre a Ucrânia já haviam marcado a reunião anterior do G20, em novembro, em Bali (Indonésia).

“As discussões são mais difíceis que nas reuniões anteriores (do G20 Finanças] porque a guerra continua”, declarou a ministra espanhola da Economia, Nadia Calviño.

“Algumas posições são menos construtivas em alguns temas”, acrescentou, sem citar nomes de países.

– “Uma guerra” –

Várias fontes vinculadas às negociações, que pediram anonimato, afirmaram à AFP que a China tentou atenuar os termos que se referiam à situação na Ucrânia.

Uma fonte disse que a “China se recusa a condenar a guerra na Ucrânia”.

As discussões para buscar um termo conveniente a todos prosseguiram até a madrugada de sábado, revelou outra fonte. Mas sem resultados.

A China sempre se absteve de apoiar ou condenar publicamente a ofensiva russa, mas em várias ocasiões expressou contrariedade com as sanções ocidentais.

Na sexta-feira (24), dia que a invasão russa do território ucraniano completou um ano, o governo chinês apresentou um documento de 12 pontos que pede aos dois lados o início de negociações de paz.

A Índia, que mantém boas relações com a Rússia, também não condenou a intervenção militar na Ucrânia.

Alemanha e França defenderam na sexta-feira, durante as discussões sobre um comunicado final, o uso da palavra “guerra”.

Na Ucrânia, “trata-se de uma guerra. E esta guerra tem uma causa, uma única causa, que é a Rússia e (o presidente russo) Vladimir Putin”, disse o ministro alemão das Finanças, Christian Lindner.

“Não aceitaremos qualquer retrocesso na declaração conjunta a respeito da declaração de Bali sobre a Ucrânia”, alertou o ministro francês da Economia e das Finanças, Bruno Le Maire.

O comunicado final de Bali destacou que “a maioria dos membros (do G20) condena a guerra na Ucrânia”.

– Reformas e dívidas –

A reunião do G20 Finanças da Índia também foi marcada por debates sobre o endividamento dos países mais pobres do planeta.

Em 2020, o grupo chegou a um acordo sobre a necessidade de definir um “marco” para reestruturar as dívidas, mas o processo é lento.

Em Bangalore também foi abordada a questão da reforma das instituições financeiras internacionais.

O Banco Mundial apresentou em outubro um plano sobre as mudanças.

A reforma deve facilitar a obtenção de fundos para que os países mais pobres consigam enfrentar a inflação, a dívida e a mudança climática.