A nova CEO da G4 Educação, Maria Isabel Antonini, que substituirá Tallis Gomes após ele dizer em uma rede social “Deus me livre uma mulher CEO”, nasceu em São Paulo, mas passou a infância em Belo Horizonte, Minas Gerais. Filha de pais mineiros, ela se mudou para a capital paulista após se formar em engenharia industrial pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ser aprovada para um programa de trainne do Itaú Unibanco.

Antonini teve também passagens pelo Grupo Pão de Açúcar e já era diretora financeira (CFO, em inglês) da G4 Educação. Ela já trabalhou com Gomes em outra empresa fundada pelo empresário, a Singu, que fornecia, via aplicativo, a contratação de serviços de beleza delivery, como manicure, pedicure e massagem para mulheres.

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Defesa das mulheres, críticas ao feminismo

Em entrevista ao podcast Rede Luna, em dezembro de 2020, Antonini defendeu a independência financeira das mulheres como forma de emancipação, e citou caso de uma funcionária que pediu o divórcio porque o cônjuge não a deixava trabalhar.

“Tem pessoa que sofre abuso de marido, marido bate. Teve uma mulher que agendamos o teste, ela faltou. Agendamos de novo, faltou. Ela explicou, chorando, que o marido não deixava fazer o teste, que ela tinha que fazer escondida. Aí dissemos que ela poderia vir quando quisesse, que passaríamos ela na frente. No fim, ela fez o teste, entrou para a empresa e largou o marido, graças a deus”, disse.

Ela afirmou, contudo, que não se considera uma mulher feminista, termo que, para ela, ficou vinculado a uma militância e uma forma de “coagir as pessoas”.

“Não me considero feminista, principalmente porque acho que hoje o termo ficou muito vinculado à militância, e não só uma militância, mas uma ferramenta de coagir as pessoas. Porque ou é feminista ou é machista. Ou é favor ou odeia todas as mulheres, o que não é o caso, existe um espectro muito amplo entre uma coisa e outra.”

A nova CEO da G4 Educação diz ter tido “sorte” por nunca ter passado por alguma situação extrema de assédio ou machismo, mas afirmou que uma de suas qualidades para crescer profissionalmente foi não ter se importado com as situações de discriminação de gênero que ela considera menos importantes.

“Depende de onde a gente põe a lupa no negócio. Talvez também por nunca ter passado por situação drástica ou trágica, mas, nas pequenas, nunca pus lupa. Tem a sorte de nunca ter passado por evento extremo, mas também um pouco de como me portei nas coisas pequenas, que nem entraram no meu ramo de atenção.”, afirmou.

Ainda falando sobre feminismo, ao ser questionada sobre diversidade, ela disse que prefere olhar as pessoas como indivíduos a ver grupos, como homens versus mulheres.

Para Antonini, empoderamento das mulheres é ter dinheiro no bolso “para fazer o que quiser”.

“O empoderamento que a gente tem na Singu (empresa para a qual trabalhava em 2020) é colocar dinheiro no bolso delas. Aí, a partir disso, a mulher faz o que ela quiser, inclusive não fazer nada. Se ela quiser em um mês trabalhar muito, para no outro não fazer nada, porque quer curtir os filhos, tirar férias, maravilhoso, não é a gente que vai cobrar que ela não está vindo”, disse.

Inpirações e referências

Questionada sobre as suas principais inspirações e referências profissionais, Antonini citou a economista Renata Barreto, que já foi às redes sociais defender Tallis Gomes de outras falas polêmicas, como a que não “contrataria esquerdistas”.

Outra inspiração citada foi Cris Junqueira, então CEO do Nubank, que havia dito, dois meses antes, que tinha dificuldades de contratar pessoas negras para cargos de liderança porque não podia “nivelar por baixo”.

“Gosto muito da Cris Junqueira, do Nubank, e que é exemplo, mulher que chegou lá independentemente de qualquer dificuldade, e da Renata Barreto, que é uma economista que tem opinião forte, mas é inteligentíssima, gosto muito de ouvir”, afirmou Antonini.

Após a fala de Gomes, esta semana, Renata Barreto foi ao Instagram dizer que gravaria vídeo para comentar a declaração, e que era possível fazer reflexões “sem ataques ao empresário”.

Antonini também citou a ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher e a escritora russa naturalizada americana Ayn Rand, autora do livro “A Revolta de Atlas”, como referências.