Líderes mundiais reunidos na cúpula do G7, no Canadá, pediram nesta segunda-feira (16/06) uma redução das tensões do pior conflito já registrado entre Israel e Irã.

Em uma declaração conjunta, os líderes do grupo de democracias industrializadas – Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos – defenderam que o regime iraniano não pode possuir uma bomba atômica e reafirmaram o direito de Israel de se defender. A União Europeia (UE) também participa do evento.

O texto ainda acusa o Irã de ser “a principal fonte de instabilidade e terror regional” e diz que os líderes esperavam uma “redução mais ampla das hostilidades no Oriente Médio, incluindo um cessar-fogo em Gaza”.

Trump deixa a cúpula mais cedo

A declaração foi publicada logo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixar a cúpula mais cedo do que o esperado. Trump, que estava fazendo seu retorno ao cenário diplomático internacional, partiu um dia antes do encerramento do encontro nas Montanhas Rochosas canadenses, enquanto Israel intensificava ataques contra o Irã.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o presidente voltou a Washington “devido à situação no Oriente Médio”.

Trump negou, porém, que sua saída estivesse relacionada a negociações por um cessar-fogo entre Israel e Irã, contestando declarações do presidente da França, Emmanuel Macron. O líder francês havia sugerido que os Estados Unidos iniciaram uma proposta de trégua.

“Errado! Ele não tem ideia do porquê estou a caminho de Washington agora, mas certamente não tem nada a ver com um cessar-fogo. É algo muito maior do que isso”, escreveu Trump na sua plataforma Truth Social, na noite de segunda-feira.

Com sua saída antecipada, Trump perderá um dia de reuniões do G7, que incluiriam discussões com os líderes da Ucrânia e do México. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa do encontro como convidado nesta terça-feira.

Trump pede evacuação imediata de Teerã

Mais cedo, Trump pediu que os iranianos deixem Teerã imediatamente, citando o que ele disse ser a rejeição do país a um acordo para limitar o desenvolvimento de armas nucleares. “O Irã deveria ter assinado o ‘acordo’ que eu disse para assinarem. Que vergonha e que desperdício de vidas humanas. […] Todos devem evacuar Teerã imediatamente!”, escreveu Trump.

Segundo a agência de notícias Reuters, Teerã pediu a Omã, Catar e Arábia Saudita que pressionem Trump a exigir do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, um cessar-fogo imediato. Em troca, o Irã mostraria flexibilidade nas negociações nucleares, segundo duas fontes iranianas e três fontes regionais.

“Se o presidente Trump realmente estiver comprometido com a diplomacia e interessado em parar esta guerra, os próximos passos são decisivos”, disse o ministro do Exterior do Irã, Abbas Araghchi, no X. O site Axios informou que a Casa Branca está discutindo com o Irã e Netanyahu possibilidade de um encontro nesta semana entre o enviado dos EUA Steve Witkoff e Araghchi.

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, também afirmou à Fox News que Trump ainda busca um acordo nuclear. Até o momento, a Casa Branca continua em posição defensiva no conflito. A República Islâmica, contudo, afirma que não participará de negociações enquanto estiver sob ataque e nega que seu programa nuclear tenha fins militares.

Israel atinge emissora estatal do Irã

Irã e Israel mantêm agressões mútuas nesta terça-feira (17/06), pelo quinto dia consecutivo. A mídia iraniana relatou explosões e intenso fogo aéreo em Teerã na manhã de terça-feira, com fumaça subindo na parte leste da cidade após a explosão de projéteis. As defesas aéreas também foram ativadas em Natanz, onde ficam instalações nucleares.

Na noite de segunda-feira, Israel afirmou ter atingido a sede da emissora estatal de TV do Irã. Imagens mostram uma apresentadora fugindo de sua bancada enquanto uma explosão acontecia. O canal disse que o ataque matou três pessoas.

Israel também realizou ataques extensivos contra alvos militares, incluindo depósitos de armas e lançadores de mísseis.

Em Israel, sirenes de ataque aéreo soaram em Tel Aviv após a meia-noite e novamente pela manhã, quando várias explosões foram ouvidas sobre a cidade. Explosões também aconteceram em Jerusalém e na cidade de Herzliya, onde um edifício foi atingido.

Até o momento, o conflito já deixou 224 mortos no Irã e 24 em Israel, em sua maioria civis.