10/07/2025 - 19:15
O Banco Central tem compromisso com a meta de inflação de 3% e tem tomado providências para que ela retorne ao intervalo de tolerância e atinja o alvo, disse nesta quinta-feira, 10, o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo.
Após descumprimento do alvo contínuo por seis meses consecutivos no ano até junho, Galípolo previu em carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que a taxa de inflação retornará ao intervalo de tolerância da meta a partir do final do primeiro trimestre de 2026. Até lá, segundo ele, o BC vai reforçar sua comunicação.
“Durante o período de desenquadramento, o Banco Central investirá no reforço da comunicação sobre as razões do descumprimento da meta, sobre as medidas adotadas e sobre a evolução do cenário de convergência da inflação”, disse.
Na justificava sobre o não cumprimento da meta, o documento diz que a inflação acima do intervalo de tolerância é consequência de diversos fatores, e lista: atividade econômica aquecida, expectativas de inflação desancoradas, inércia inflacionária e depreciação cambial.
“A atividade econômica surpreendeu positivamente, com crescimento do PIB acima do esperado e mercado de trabalho bastante aquecido, refletindo aumento do consumo das famílias e do investimento. As expectativas de inflação se desancoraram, especialmente, ao longo do segundo semestre de 2024. A taxa de câmbio apresentou valorização do dólar frente ao real, com impacto direto nos preços de bens importados e nas expectativas de inflação”, diz.
BC precisa explicar inflação fora da meta
A inflação no país acumulou 5,35% nos 12 meses encerrados em junho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), permanecendo em todos os meses de 2025 acima do teto da meta contínua de 3%, que tem margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O Brasil adotou a meta contínua de inflação a partir deste ano, prevendo que o BC deve se explicar ao governo se o alvo for descumprido por seis meses consecutivos.
A regra prevê que o BC divulgue publicamente as razões do descumprimento, detalhando as causas, as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo esperado para que as medidas produzam efeito.
No documento, Galípolo disse que o atual horizonte relevante da política monetária é o último trimestre de 2026 e que o Comitê de Política Monetária (Copom) avalia que a condução da política de juros está adequada e compatível com a estratégia de convergência da inflação nesse horizonte.
Em junho, o BC elevou a Selic a 15%, maior patamar em duas décadas, prevendo que a taxa permanecerá nesse patamar por período bastante prolongado para levar a inflação à meta.
A íntegra da carta pode ser lida neste link.