O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira ter certeza que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, “consertará” a taxa de juros do Brasil, mas afirmou que é preciso dar o tempo necessário para isso.

“Eu tenho certeza que o Gabriel Galípolo vai consertar a taxa de juros neste país e nós só temos que dar a ele o tempo necessário para fazer as coisas”, disse Lula em entrevista à rádio Diário, de Macapá (AP).

“Ele não poderia entrar e dar um cavalo de pau. ‘Estamos a 180km/h, vamos voltar para 30km/h’. Não! É preciso que vá com cuidado para que a gente não dê uma trombada. Possivelmente o Galípolo passará para a história como o melhor presidente que o Banco Central já teve”, disse.

Lula atribuiu o atual patamar elevado da taxa básica de juros ao ex-presidente do BC Roberto Campos Neto.

“Eu acho que o Roberto Campos, na verdade, foi um cidadão que teve um comportamento muito anti-Brasil no Banco Central. Ele era um cara que falava mal do Brasil o tempo inteiro, passava descrédito para os empresários, inclusive no exterior, e ele foi se comprometendo e foi aumentando cada vez mais a taxa de juros”, criticou.

Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para presidir o BC, terminou seu mandato à frente da autoridade monetária ao término de 2024 e foi substituído por Galípolo, indicado por Lula.

A decisão sobre a taxa básica de juros é tomada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), formado por nove diretores do BC. Antes de assumir a presidência da autarquia, Galípolo atuou como diretor de Política Monetária do Banco Central, participando das reuniões do Copom desde agosto de 2023.

Em julho de 2024, portanto já com a presença de Galípolo no colegiado há quase um ano, o Copom encerrou um ciclo de redução da taxa de juros e, em setembro, com o voto favorável de Galípolo e de todos os demais diretores, iniciou um ciclo de alta nos juros.

No mês passado, já com Galípolo na presidência do Banco Central, a autoridade monetária decidiu elevar os juros em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, conforme já havia sido sinalizado pelo Copom em dezembro. Em decisão unânime, o colegiado também manteve a orientação de mais uma alta equivalente em sua próxima reunião marcada para março, deixando os passos seguintes em aberto.

Na ata dessa última reunião, divulgada na semana passada, o Copom elencou a desancoragem das expectativas de inflação, o grau de sobreaquecimento da economia e o impacto de políticas econômicas sobre o câmbio como riscos relevantes para o debate de política monetária.

Segundo o boletim Focus, no qual o Banco Central afere as expectativas sobre índices econômicos junto a uma centena de economistas, a estimativa para a Selic ao término deste ano é de 15% ao ano, enquanto para o final de 2026 é de 12,5% ao ano.

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