22/08/2024 - 16:33
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira, 22, que discorda da interpretação de que declarações recentes dos membros da autoridade monetária, especialmente as suas, colocaram o BC “no corner”. Para Galípolo, na verdade, o que houve foi que suas falas recentes ampliaram o leque de ferramentas na mesa do BC.
“Eu entendo que se houve ou se há uma interpretação mais benigna do ponto de vista de como é que pode atuar a autoridade monetária, ela decorre do fato de que o mercado percebeu que esse Banco Central tem mais graus de liberdade”, disse Galípolo. “Aquilo que não parecia estar disponível enquanto uma ferramenta, está sim disponível. Então você não restringiu e sim ampliou as ferramentas disponíveis para a autoridade monetária”, emendou.
O diretor de Política Monetária acrescentou ainda que uma eventual subida de juro pelo Banco Central “não é uma posição difícil” para os membros do BC, mas que uma posição difícil, na verdade, é conviver com inflação fora da meta.
Galípolo relembrou ainda que o incômodo com a inflação fora da meta e a desancoragem das expectativas também estiveram presente em falas recentes do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, e que nenhum dos outros diretores do BC se sentiu constrangido com a mensagem de que pode haver alta no juro.
Sem modulação ou gradação das declarações
O diretor de Política Monetária do Banco Central disse ainda que não há qualquer tipo de modulação ou gradação em suas declarações recentes e que gostaria de reafirmar seus posicionamentos feitos ao longo desta e da última semana. “Não há qualquer tipo de modulação ou gradação nas mensagens que transmiti e falei nas minhas falas anteriores ao longo deste ciclo após a divulgação da última ata do Copom”, afirmou Galípolo, durante o 32º Congresso da Fenabrave, a entidade que representa as concessionárias de automóveis do País.
Ele comentou que esperava inicialmente participar do congresso e falar apenas sobre temas que têm maior relação com o setor automotivo, mas julgou importante iniciar sua fala com comentários sobre a política monetária.
“Chego aqui com o sentimento que se eu, eventualmente, não falar do Comitê de Política Monetária, isso também possa ser uma mensagem, e uma mensagem que pode ir no sentido contrário àquela que eu pretendo passar”, salientou Galípolo, que também elogiou os veículos de mídia, dizendo que a imprensa tem passado “bem” a sua mensagem e que está satisfeito com as interpretações de suas falas recentes.
O diretor de Política Monetária pontuou, porém, que isso não se trata de querer sancionar outros vetores, como as curvas de juro ou expectativas de inflação.