O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse disse nesta quinta-feira, 4, que não houve mudança no pensamento, dentro do comitê dos diretores da autarquia, sobre o ritmo e o orçamento do ciclo de cortes de juros.

Em evento promovido nesta noite pela Necton, Galípolo reforçou a mensagem de que, diante do aumento das incertezas, tanto domésticas quanto internacionais, o Comitê de Política Monetária (Copom) buscou graus de liberdade para tomar suas decisões, retirando a indicação (forward guidance) ao corte da Selic a partir de junho. Apesar disso, observou, o cenário-base não mudou, de modo que a linha do colegiado segue igual.

“O que se pensava antes da reunião em pace ritmo e orçamento tamanho do ciclo não foi alterado”, disse Galípolo.

Durante o evento, o diretor do BC pontuou que, dada a correlação não usual entre variáveis, como a queda da inflação apesar do mercado de trabalho aquecido, a autoridade monetária tem evitado estabelecer mecanicidade – ou seja, relação direta – entre movimentos econômicos.

Recusou-se também a dar pistas sobre qual seria a taxa terminal do BC. “Da mesma forma que o cenário-base não mudou, seguimos sem sinalizar a terminal”, declarou o diretor do BC.

Ele limitou-se a dizer que o BC não está mirando o que os economistas e o mercado estão pensando sobre a Selic terminal. Galípolo assegurou também que o compromisso em perseguir a meta de inflação, de 3%, não foi flexibilizado. “Não se flexibiliza compromisso com a meta, a meta é 3%.”

Guidance

Galípolo disse que o momento é de reforçar que a retirada do forward guidance de sua comunicação foi para ganhar mais alguns graus de liberdade. No comunicado e na ata do Copom mais recentes, o BC mudou sua orientação de cortes da Selic em 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões (no plural) para apenas mais um corte na mesma magnitude na reunião de maio.

Para Galípolo, que participa nesta noite de evento promovido pela Necton, em São Paulo, “retirar o guidance sem nenhuma dor é impossível”.

Mas de acordo com ele, a retirada do guidance foi para o BC ganhar mais espaço para reagir com menos custo o desenrolar dos fatos.

“A intenção foi ganhar mais liberdade em função de aumento das incertezas. Olhamos para o máximo de dados possíveis e não há um dado que será o farol”, disse, acrescentando que as incertezas aumentaram, mas não a ponto de mudar a trajetória do BC.