07/06/2025 - 12:35
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse neste sábado, 7, que, se der um sinal de sustentabilidade fiscal, em um mundo onde a dívida aumentou em quase todos os países, o Brasil vai se diferenciar na busca por novos investimentos.
Durante participação no Fórum Esfera, no Guarujá, no litoral paulista, ele considerou que é uma “ótima notícia” a disposição demonstrada pouco antes, no mesmo evento, pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de perseguir uma agenda estrutural, no sentido de melhorar a trajetória da dívida e das contas públicas. Ponderou, no entanto, que os agentes econômicos obviamente querem ver como esse debate vai se desenrolar.
“O mundo todo hoje tem um problema sério do ponto de vista da sustentabilidade da dívida […] Nós tivemos uma grande crise, tivemos uma pandemia e tivemos conflitos geopolíticos, até uma guerra dentro da Europa. Tudo isso aumentou muito a expansão fiscal e a necessidade de endividamento por parte desses países”, comentou Galípolo, citando também uma redução na demanda global por títulos de dívida.
“Se consegue dar uma sinalização de uma sustentabilidade mais positiva para o mercado, acho que, no ambiente que temos atualmente, o Brasil se diferencia muito positivamente do ponto de vista de atração de investimento, com todas as vantagens competitivas que nós temos”, acrescentou.
Galípolo, disse que, enquanto as decisões de política monetária, mesmo que gerem críticas, são tomadas de forma autônoma, a política fiscal depende de negociações. A declaração foi dada num momento em que Galípolo defendeu apoio à agenda de sustentabilidade fiscal, durante participação no fórum da Esfera.
“A política fiscal demanda mesmo esse tipo de negociação com diversos atores, com ministérios, poder Legislativo, poder Executivo. Então, esse processo tem que ser construído […] É um processo que a sociedade brasileira tem que abraçar”, comentou Galípolo, destacando a necessidade de consensos no debate.
Questionado sobre como a reação do mercado ao anúncio da elevação das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) afeta o Banco Central, Galípolo respondeu que a autoridade monetária só se posiciona via comunicação oficial, e reforçou a postura de buscar flexibilidade e cautela em meio a incertezas.
“Nós vamos para a próxima reunião com as opções em aberto, consumindo os dados”, declarou o presidente do BC, referindo-se ao próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom).