14/02/2025 - 12:54
Ao mencionar em encontro com empresários os receios no mercado sobre o uso de estímulos fiscais diante da desaceleração econômica, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, frisou que seria um equívoco a autoridade monetária agir preventivamente a um “fantasma”.
Galípolo destacou o empenho “incansável” do governo, em especial do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em reforçar o compromisso com a responsabilidade fiscal. Porém, ponderou que os riscos associados à gestão das contas públicas percebidos no mercado trazem um “certo desafio” para o BC.
Apesar disso, o presidente do BC observou que uma coisa é atuar preventivamente à atividade econômica, quando ela está perdendo ou ganhando força; outra é reagir a algo percebido pelo mercado como uma possibilidade, caso do risco, ainda não confirmado, de a alavanca fiscal ser acionada para reverter a desaceleração econômica. “É um equívoco a política monetária ser preventiva a um fantasma, algo que não está ali colocado”, disse Galípolo.
As declarações foram dadas em reunião promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e em conjunto com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Ao responder a perguntas, feitas por escrito, dos empresários, Galípolo frisou que o Banco Central conta com as ferramentas e não vai se furtar em perseguir a meta de inflação: 3%. Como a inflação no horizonte visível segue fora da meta – e incomoda o Banco Central -, a Selic se mantém em terreno restritivo, comentou Galípolo.
“É isso que o Banco Central vai fazer, esse é o mandato do Banco Central: colocar a taxa de juros no patamar restritivo o suficiente, pelo tempo necessário, para que a inflação possa fazer a convergência para a meta. Isso acho que não tem dúvida no mercado”, disse o presidente do BC, acrescentando que a instituição não desviará do mandato de legar à inflação aos 3%.
Conforme Galípolo, a maioria dos agentes entende, como indicado pelas previsões, que a política monetária vai dar conta de produzir uma desaceleração da economia. Há, contudo, dúvidas sobre como o BC acompanha o tema fiscal.
Nesse sentido, Galípolo salientou que o papel do Banco Central sempre é entender como as incertezas dos agentes influenciam os preços dos ativos, mas sem agir preventivamente ao que o mercado acha que pode ocorrer no campo fiscal.