O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (União Brasil) tenta se lançar pré-candidato ao Executivo fluminense com aval do presidente nacional do partido, Luciano Bivar, que pretende concorrer ao Planalto. A volta de Garotinho ao cenário afastaria seu partido da aliança em torno do governador Cláudio Castro e do palanque local do presidente Jair Bolsonaro, ambos do PL. Apesar das consequências nacionais, o movimento de Garotinho envolve uma questão paroquial: sua insatisfação com Castro por causa de uma disputa por espaço em sua base eleitoral no interior.

A principal condição do clã Garotinho para apoiar a reeleição de Castro era que o governador se afastasse politicamente do secretário de Governo, Rodrigo Bacellar. Trata-se de um político local, deputado estadual em primeiro mandato, com base eleitoral em Campos dos Goytacazes (RJ). Lá, é rival dos Garotinhos.

A discórdia ganhou contornos de rixa pessoal e se tornou pública nas redes sociais. O prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (União Brasil), filho do ex-governador, criticou o secretário por ter se reunido com o ex-prefeito Rafael Diniz, derrotado na última eleição para a prefeitura da cidade. Em resposta, Bacellar chamou Wladimir de “filho dos ex-presidiários” – Garotinho e a mulher, Rosinha, foram presos – e atacou a mulher do prefeito, Tassiana Oliveira. Os insultos destruíram as pontes que vinham sendo construídas entre a família e Castro.

Sem nenhum indicativo de que o governador se afastaria do secretário, a família Garotinho focou na busca de apoio direto de Bolsonaro. Diante das dificuldades que encontrou com outras pré-candidaturas, o ex-governador agora tenta se lançar, para pressionar Castro pela ameaça de implosão do seu palanque local. A iniciativa conta com o aval da executiva estadual do União Brasil e será avaliada pela direção nacional. A ideia é que Garotinho dê palanque no Estado para Bivar.

PURO-SANGUE

“Seria palanque puro-sangue, Anthony e Bivar. Para Bivar, é de grande valia, porque ele passa a ter no Rio um palanque que não tinha antes”, disse ao Estadão/Broadcast o presidente do União Brasil no Rio, Wagner Carneiro, o Waguinho.

Até então, o União Brasil do Rio apoiaria a reeleição de Bolsonaro. A família Garotinho já se movia em busca de um palanque alternativo, encabeçado pelo ex-governador, quando o partido não havia definido a candidatura de Bivar ao Planalto. A deputada Clarissa Garotinho (União Brasil-RJ) dizia ser defensora da proposta por se queixar da falta de apoio de Castro a Bolsonaro.

O ex-governador precisa, no entanto, resolver problemas com a Justiça para ser candidato, já que foi condenado duas vezes em segunda instância por improbidade administrativa e cooptação de votos. Isso o tornaria inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Garotinho aposta em um recurso pendente no Tribunal Superior Eleitoral para concorrer.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.