02/02/2001 - 8:00
Carlinhos é um típico exemplo da geração shopping center. É capaz de passar um dia inteiro zanzando de loja em loja e troca qualquer programa com os amigos por um bom passeio entre corredores lotados de consumidores. A diferença é que ele não faz isso pelos motivos banais de um consumista compulsivo. Carlos Jereissati Filho, 29 anos, é o responsável pela operação dos oito centros de compras que pertencem à Iguatemi Empresa de Shopping Centers S/A, a maior companhia da América Latina em seu segmento. Herdeiro do grupo que leva o nome da família, ele é daqueles que não vieram ao mundo a passeio, por mais tentador que isso seja quando se nasce em berço de ouro. Agora, Carlinhos se prepara para o primeiro grande desafio de sua carreira: dobrar o tamanho do grupo Iguatemi em cinco anos.
?Entre 1995 e 2000, a empresa dobrou o patrimônio líquido e atingiu os R$ 400 milhões. Queremos repetir a dose até 2005?, diz o jovem executivo. Na opinião dele, a rentabilidade dos shoppings no Brasil tende a diminuir por causa da aproximação física dos novos empreendimentos que não param de pipocar pelo País. ?A única maneira de crescer daqui para frente será através de aquisições, além de ampliações nos shoppings já existentes no grupo?, afirma ele. Ou seja, o Iguatemi vai às compras. No momento, Jereissati Filho estuda cinco empreendimentos para serem adquiridos nas regiões Sudeste e Nordeste do País. Antes de bater o martelo, no entanto, ele vai ouvir o pai, Carlos Jereissati.
Há dois anos, o patriarca passou o comando do dia-a-dia do negócio para o filho e foi-se dedicar ao ramo de telecomunicações ? o grupo tem 11% de participação na Telemar. ?Todas as decisões estratégicas são divididas com ele?, afirma Jereissati Filho, que fala do pai como ídolo. Seus dois irmãos também trabalham no grupo. Erika Jereissati Zullo, 30 anos, cuida da área comercial dos shoppings e é a grande responsável pela entrada de marcas de destaque internacional no Shopping Iguatemi de São Paulo, como Louis Vuitton, Bally e Baccarat. O caçula Pedro Jereissati, 23 anos, atua na área financeira da empresa.
Como não poderia deixar de ser, Carlinhos é um solteiro cobiçadíssimo. Apesar de morar sozinho desde os 22 anos, ele é superfamília. Costuma passar os finais de semana na casa de campo do pai no Helvetia, um condomínio chique na região de Indaiatuba, a menos de uma hora de São Paulo, entre os irmãos e os primos. O Réveillon é sagrado. Todo o clã Jereissati se reúne no Ceará, mais precisamente na paradisíaca praia do Cumbuco, em Fortaleza, onde a família tem casa. De vez em quando, Carlinhos foge do esquema familiar e parte para grandes viagens no melhor estilo aventura. Em novembro passado, fez um safári na África do Sul. A próxima parada deverá ser a Austrália. ?Mas ainda vai demorar, pois há muito o que fazer na empresa nesse momento?, diz. Além disso, ele se prepara para fazer um curso para executivos na renomada universidade americana de Harvard, em Boston, no ano que vem. Formado em Administração de Empresas pela Getúlio Vargas, Carlinhos quer voltar a estudar para se atualizar. ?O mundo dos negócios está cada vez mais dinâmico e internacional. É preciso ir lá fora para entender melhor esse movimento?, afirma.
Enquanto isso não acontece, Carlinhos procura ter uma vida igual a de qualquer jovem de sua idade. Vai ao cinema, faz ginástica. Tem alguns hábitos ecléticos. Com a mesma desenvoltura com que joga golfe, sabe explicar a diferença entre os ritmos house e tecno, que tocam nas casas noturnas. Atenção, garotas: ele só sai à noite uma vez por semana. Às quintas-feiras.