A cada dia floresce no Brasil um novo tipo de empresário. Ele é jovem, altamente empreendedor e topa qualquer parada. Os casos vêm de todos os lados: marketing, informática, logística e indústria. Com pequeno capital na mão, boa idéia na cabeça e muita ousadia, eles chegaram lá, um lugar com que poucos ousam sonhar. Com o sucesso, vieram o dinheiro e uma revolução na vida dos meninos. Carros sofisticados, apartamentos de luxo e muitas viagens foram incorporados à nova vida dos jovens empresários. O homem da noite Bazinho Ferraz é um exemplo. Ele perseguiu seus sonhos e hoje, aos 29 anos, faz aquilo que quer: comanda uma das mais badaladas agências de marketing promocional e eventos da capital paulista. ?Trabalho muito, mas tenho compensações. Posso viajar sempre e ter as coisas que desejo?, conta. Marcus Abdo Hadade, da mesma idade, poderia ser um típico herdeiro cheio de vontades, mas seguiu outro rumo. Foi à luta por um projeto pessoal, construiu uma moderna gráfica e já programa a ampliação dos seus negócios. E mais: desfruta dos privilégios que o dinheiro confere. O goiano Renato Santos, 27 anos, começou a trabalhar aos 14 como vendedor de loja e, há três anos, recebeu de um amigo um convite providencial, o de criação da Traço Logística, empresa que conquistou o privilégio de dar partida, no final de 1999, ao serviço de delivery do McDonald?s.

É agradável o gostinho do sucesso, mas para senti-lo Bazinho Ferraz, dono da B/Ferraz Marketing Promocional e Eventos, perdeu muitas noites. Literalmente. Em 1988, ele encontrou nas vazias mansões do bairro paulistano do Morumbi uma boa oportunidade de ganhar dinheiro. ?Por que não aproveitar o espaço livre para promover festas??, perguntou-se Bazinho. Popular entre amigos, não precisou se esforçar muito para atrair o público aos eventos. A repercussão foi tanta que lançou sua própria boate. Uma não, várias. Lançou a Fênix, a Unique e a Ilha. Os negócios progrediram rapidamente; em 1992, Ferraz se associou a dois empresários da noite e montou uma agência especializada na promoção de eventos. Deu tão certo que, seis anos depois, seu nome batizava, solitário, uma nova empresa de marketing promocional e eventos. ?As pessoas falam que eu transformei uma brincadeira em negócio?, relata. A mudança lhe possibilitou realizar o desejo de ter um carro Cherokee e apartamento próprio. Apaixonado por cavalos, confessa que vem amadurecendo uma antiga idéia de adquirir um haras. A guinada em sua vida acompanhou a trajetória do empreendimento que montou. A promoção de megaeventos para companhias do porte da Skol, Banco Real, AT&T e Audi empurrou a receita da B/Ferraz para as alturas. No ano passado, foram R$ 7 milhões. Até o final de 2001, ele aposta na cifra de R$ 11 milhões.

No início dos anos 90, o hoje feliz proprietário da Gráfica Arizona, Marcus Abdo Hadade, não tinha grandes ambições. Em 1991, a empresa de seu pai, a Cineral, fabricante de eletroeletrônicos, ia de vento em popa, aproveitando a boa maré do setor. ?Ele me chamou e disse: ?Eu sei que você quer curtir, mas preciso que assuma uma das lojas?. Eu era inexperiente, tinha acabado de servir ao Exército mas respondi que sim.? Aos 19 anos, assumia uma posição ao lado do pai, com quem trabalhou pelos sete anos seguintes, assistindo ao auge e à derrocada do empreendimento familiar. Sem herdar o trono do pai, o ex-herdeiro ergueu com o irmão, Alexandre Abdo Hadade, o por enquanto, dizem, modesto império. Adquiriram a gráfica e atendem a clientes estrelados como os bancos Safra e ABN, São Paulo Alpargatas, Camargo Correa Cimentos e IBM. Dos R$ 3,5 milhões de receita, quase tudo é reinvestido na empresa. Mas parte desse capital engorda os cofrinhos pessoais de ambos, que podem aproveitar um pouco mais dos prazeres da vida. Compraram carros importados e viajam para onde querem. ?Posso realizar meus sonhos?, diz Marcus. Como todo jovem, é apaixonado por rock ? especialmente Eric Clapton ? e aficionado por esportes radicais: pratica rapel, mergulho e escalada.

Da mesma linhagem, o goiano Renato Santos não vê mau tempo quando se trata de trabalho. Desde que entrou na labuta diária até hoje, com 27 anos, fez várias conquistas. Mas a principal
foi a Traço Logística, fundada há dois anos com um amigo, e que cresce anualmente 150%.
?Está sendo até difícil administrar a velocidade
do crescimento?, conta Santos. Para alcançar uma posição tão privilegiada, o empreendedor batalhou muito. ?Eu sempre quis ter um negócio próprio e de sucesso?, confessa Santos. Não demorou muito. Tinha talento e vontade. Faltava a sorte. Ela chegou no final de 1999 ao receber de um amigo de infância um pedido: ?Você poderia realizar para mim, sem custo, um
estudo sobre o potencial da rede McDonald?s
para as entregas em domicílio?”. De prancheta
a tiracolo, rastreou o território do consumo goiano. ?Existe um grande campo de crescimento para esse serviço?, respondeu. Foi assim que nasceu a Traço Logística, dona de contrato com todas as maiores redes de fast-food de Goiás, mais de 350 funcionários, uma frota de 320 motocicletas e escritórios espalhados por outras capitais. Toda essa perseverança garantiu a ele e ao sócio, Leandro Oliveira Montoro, possibilidades para usufruir dos esportes preferidos ? ambos são triatletas ?, e objetos sonhados há muito tempo ? apartamentos e carros próprios. ?Trabalho muito, mas agora
posso curtir a vida?, frisa Santos.

Instalado confortavelmente num dos mais renomados escritórios de arquitetura da Espanha, Maurício Queiroz, de 33 anos, não pensava em retornar ao Brasil. A empolgação de três amigos com a idéia de montar um escritório em São Paulo, porém, o fez trocar o clima europeu da Catalunha pelos trópicos. Um ano depois, acabou pilotando sozinho a empresa especializada em arquitetura corporativa. A solidão não durou muito. Cruzaram seu destino grifes famosas como a tradicional marca alemã de canetas Mont Blanc, as joalheiras Nielsen e Vivara e a Roberto Simões, a queridinha da lista de presentes para casamentos. ?Respondo por projetos arquitetônicos dessas empresas?, diz Queiroz. ?Não falo quanto cobro pelos projetos, mas posso adiantar que, graças à movimentação com esses clientes, minha vida mudou.? Ele é dono de dois valorizados imóveis e viaja pelo menos duas vezes por ano ao exterior. Como fã ardoroso da gastronomia italiana e um degustador compulsivo de vinhos, não hesitou em ampliar os negócios. Em breve, inaugura no bairro paulista de Pinheiros o restaurante Bistrô e avisa. ?É um investimento e meu objetivo é ganhar dinheiro.?

O mundo empresarial fica irremediavelmente diferente com a entrada dessa geração de empresários. É só observar a irreverência dos irmãos Tales e Tarciso Konstantyner. Com o escritório da 4K, indústria têxtil que criaram juntos, estrategicamente posicionado no centro de Santos, eles não perdem as melhores ondas dos mares locais. Curiosamente, Tales, de 37 anos, planejava seguir a carreira militar e o irmão foi piloto de navio para a Marinha Mercante por três anos. O tino comercial falou mais alto. ?Desde criança, já gostava de fazer negócios?, lembra Tales. O começo da 4K, em 1987, foi tímido: uma pequena oficina em que ele e uma costureira trabalhavam. Hoje, mais de 500 toneladas de tecidos são comercializadas por mês. As atividades são tão intensas que, recentemente, foi fechado contrato com o governo do Rio Grande do Norte para comprar até 2005 todo o algodão produzido no Estado, além do que já recebem de produtores de outros seis Estados. Há quatro anos, a grife Natural Art chegou ao mercado, passando a ser vendida em mais de 200 lojas especializadas em surfe. ?Vendemos 50 mil peças por mês?, diz o empresário, evitando falar sobre a receita que suas empresas rendem. ?Não tenho do reclamar. Eu sinto orgulho por ter consolidado a minha empresa e adoro ganhar dinheiro.?