Um passo decisivo, importante, para restaurar a confiança foi dado na semana passada com a aprovação da PEC 55, que fixa um teto para gastos públicos. Ela passou de maneira acachapante em primeiro turno no Senado (por 61 a 14 votos) e tudo indica que o placar se repetirá com folga em segundo turno nos próximos dias. É um sinal de que o País começa a por ordem nas contas públicas após longo e tenebroso período de farra fiscal dos desastrosos anos Dilma. Rompe-se com uma das piores mazelas da economia: a maneira como o Estado torrava o dinheiro público, além do que arrecadava, e depois saía a distribuir sacrifícios e aumento de impostos para a sociedade pagar a conta.

Quem acompanhou essa sina hoje entende que a irresponsabilidade orçamentária está na raiz dos problemas que levou o Brasil a dois consecutivos anos de pibs negativos recordes. Um despropósito. Ainda estamos na UTI, com um índice que deve beirar os 4% de queda neste ano. Recessão brava! Na soma de pibs negativos, o País regrediu dez anos. Na semana passada saiu o índice do último trimestre. Uma retração de 0,8%. A sétima consecutiva, destoando do comportamento verificado na maioria das economias globais.

Chile e México, por exemplo, que experimentaram recuos no segundo trimestre, voltaram a crescer de julho a setembro. O Brasil, após o impeachment e com a posse de um Governo que prometia a chamada “ponte para o futuro”, já passa do momento de mostrar também uma resposta positiva. Há uma preocupação entre os membros da equipe econômica em lançar medidas para melhorar o ambiente de negócios. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já sinalizou que elas devem aparecer em breve. Seu time foi orientado a alinhavar com urgência um minipacote nesse sentido.

No Planalto o recado do setor produtivo para que acelere incentivos ao crescimento está captado. O presidente Temer, que pediu “serenidade e paciência” sabe que o tempo é curto. Ele tem o ano de 2017 como decisivo para virar o jogo. Venceu a batalha da PEC dos gastos, com boa articulação, mas não contará com a confiança de trabalhadores e empresários se não mostrar logo ações na direção esperada da retomada. Sair do fundo do poço exige, mais do que torcida, medidas concretas, de impacto, que despertem o otimismo adormecido.

Não soou como alvissareiro o comportamento conservador do Banco Central que baixou em apenas 0,25% a taxa de juros, alegando receio com a ascensão de Trump nos EUA. O desastroso cenário de retração já deveria ser motivo mais do que suficiente para lances mais ousados nesse assunto. Os juros altos são grande entrave ao crédito e por consequência ao investimento. Não deixa de ser também um custo que o governo deve combater.

(Nota publicada na Edição 996 da Revista Dinheiro)