A direção da General Electric Eletrodomésticos nunca escondeu que a liderança no mercado de fogões, do qual detém uma fatia de 35%, sempre foi muito pouco para saciar seu apetite em relação ao Brasil. A companhia deixou isso claro ao comprar, recentemente, a fábrica de refrigeradores da CCE. A unidade, instalada em Itu (interior de São Paulo), tem capacidade para produzir 500 mil geladeiras e freezers por ano. Quem assinou o cheque de US$ 40 milhões foi a Corporación Mabe S/A, sócia da GE em uma fábrica de fogões no México. Como é comum em transações deste tipo, as partes envolvidas adotaram a ?lei do silêncio?. Nem quiseram explicar por que a parceira da GE assumiu o papel de compradora. Victor Carelli, presidente da subsidiária brasileira da GE, confirma que a meta de expandir a produção local (incluindo itens como lavadoras de roupa, geladeiras e freezers no portfólio) é um ponto considerado prioritário pela GE. ?Ainda não achamos uma forma para viabilizar esta estratégia?, desconversa o executivo. Atualmente, os refrigeradores respondem por 5% das receitas de
R$ 420 milhões da empresa no Brasil. São modelos sofisticados, como a linha side by side, que reúne geladeira e freezer em um único aparelho. As peças, importadas, custam entre R$ 7 mil e R$ 12 mil.

Esta não é a primeira vez que a multinacional americana decide recorrer à compra de uma empresa local para fortalecer sua musculatura por aqui. Em 1996, a GE assumiu o controle da Dako, líder no segmento de fogões populares. E é dessa unidade que hoje saem os produtos com as marcas GE e Dako. Para adequar o negócio ao exigente padrão americano, a GE não economizou. Pôs em marcha um plano de modernização das instalações, orçado em R$ 60 milhões. ?Apenas neste ano nós vamos gastar R$ 20 milhões?, diz Carelli. Estratégia semelhante será usada para alavancar a área de refrigeradores, onde quem dá as cartas é a Multibrás, leia-se Brastemp e Consul. No que depender dos executivos da GE a briga promete ser boa.