A morte confirmada de um general russo no front ucraniano e as versões, desmentidas, sobre a morte de um segundo, confirmam que a Rússia decidiu enviar seus oficiais superiores para a frente de batalha, correndo o risco de sofrer perdas importantes.

A administração da cidade de Novorossiysk, no sul da Rússia, confirmou na semana passada que o general Andrey Sukhovetsky, comandante adjunto do 41º exército, morreu como “herói” na Ucrânia, após combater na Síria entre 2018 e 2019.

Outro general, Vitaly Gerasimov (não confundir com o chefe do Estado-Maior russo Valery Gerasimov), foi dado como morto pela Ucrânia em um combate no país.

“Mais um general de duas estrelas morreu hoje do lado russo, o segundo em 12 dias”, informou na CNN o general americano reformado Mark Hertling.

A Rússia, por sua vez, desmentiu a morte de Gerasimov. Um canal de Telegram pró-Kremlin afirmou nesta terça-feira (8) que ele estava “vivo, com boa saúde e realizando suas tarefas militares”.

Outros rumores mais difíceis de verificar registravam nos últimos dias a morte de oficiais russos, em uma ofensiva notoriamente menos eficaz que a esperada pelo presidente Vladimir Putin.

“Isso significa que é necessário que o chefe se exponha no front, dadas as dificuldades”, indicou no domingo uma fonte militar à AFP.

Estas informações confirmam as dificuldades de um exército russo superpotente no papel, mas que vem sendo confrontado desde o início da invasão por uma dura resistência ucraniana e que apresenta muitas dificuldades de comando, estratégia e abastecimento.

No sábado, o coronel francês Michel Goya sugeriu que isso mostra a necessidade de que os comandantes de grandes unidades se aproximem do front “para evitar uma cadeia de comando saturada e compensar assim a falta de iniciativa das unidades”.

Todos os analistas consultados pela AFP afirmam que se surpreenderam com a falta de preparação do exército russo antes da ofensiva.

Para Alexander Grinberg, analista do Jerusalem Institute for Security and Strategy (JISS), ninguém do lado russo “contemplava a possibilidade de guerra”.

“Pensaram que seria uma operação de tipo policial para instalar um governo leal à Rússia ao invés de Zelensky […] Seria impossível que um oficial dessa categoria [general] estivesse tão próximo dos combates”, disse em entrevista à AFP.

Por sua vez, Elie Tenenbaum, pesquisador do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI), considera que a presença no terreno de militares desse nível revela uma certa falta de ânimo dos combatentes.

“Há um grave problema de confiança nos quadros […] problemas de moral das tropas e, sem dúvida, deserção, com veículos abandonados no campo”, afirmou o especialista.

Contudo, Tenenbaum alerta que a importância estratégica das baixas desses altos generais não deve ser superestimada, pois essas funções podem ser assumidas por generais de nível inferior.