Alimento são, corpo são e mente sã. Uma pesquisa recém-lançada na Europa indica que a chamada geração Z, formada por jovens nascidos a partir da metade da década de 1990, tornou-se mais preocupada com o que come a partir da pandemia. De quatro anos para cá, esse público passou a associar alimentação saudável não apenas à saúde física, mas também à saúde mental.

“Em toda a Europa, os jovens estão demonstrando grande interesse em comer de forma saudável, ainda que a maioria diga que alimentos saudáveis ​​são mais caros e mais difíceis de acessar quando estão em trânsito e que precisa de mais conselhos sobre como fazer escolhas alimentares saudáveis”, afirma Andy Zynga, CEO do Instituto Europeu para Inovação & Tecnologia (EIT).

Braço independente da União Europeia, criado para impulsionar a inovação e o empreendedorismo no continente europeu, a EIT encomendou o levantamento à empresa de pesquisas Opinium para entender melhor como as novas gerações enxergam e se relacionam com os alimentos saudáveis.

De acordo com a pesquisa, 71% dos jovens com entre 18 e 24 anos entrevistados disseram fazer esforços para comer comidas saudáveis quando estão em casa. O percentual cai quando comem fora por conveniência. Ainda assim, fica em 55%, percentual próximo dos 52% que monitoram o próprio consumo de alimentos de alguma forma – contando calorias ou macronutrientes, como proteínas, carboidratos e gorduras.

O resultado é considerado particularmente relevante porque alguns dos maiores desafios da atualidade, sejam as mudanças climáticas, poluição ou a obesidade, estão relacionados à produção de alimentos e bebidas. “O grande desafio da indústria é produzir com preço acessível, mantendo o sabor e de forma sustentável, tanto em valor nutricional quanto em ambiental”, diz Victor Wanderley, o sócio e CEO da Tial, pioneira na produção de sucos sem conservantes no Brasil.

Segundo ele, para que o mundo alcance os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030, será preciso encontrar formas mais sustentáveis de produzir alimentos.

E o Brasil?

Apesar do levantamento ter sido realizado na Europa, outros estudos similares indicam que a tendência também se verifica no Brasil. Em 2023, por exemplo, um levantamento da Euromonitor mostrou que 31,2% dos consumidores digitais brasileiros preferem consumir alimentos 100% naturais, percentual que subia para 33,3%, entre os jovens brasileiros da geração Z. Outro estudo, da mesma empresa, mostrava que, já em 2021, o mercado de alimentação saudável movimentava mais de R$ 100 bilhões no país, com a perspectiva de crescer mais 27%, até 2025.

O movimento é acompanhado de perto por indústrias de alimentos e bebidas, que vêm buscando se adaptar às novas demandas. É cada vez mais comum encontrar nas prateleiras dos supermercados brasileiros novos produtos com menos sódio, gordura saturada e açúcar adicionado.

De acordo com estudo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgado em março, a indústria de bebidas não alcoólicas reduziu em 37,55% o teor médio de açúcar nos produtos que vende. A referência temporal é 2018, quando associações do setor selaram um acordo voluntário com o Ministério da Saúde se comprometendo com a redução.

A própria Tial, de Wanderley, fez ajustes em produtos de sua linha para a redução de açúcar, antecipando a entrada em vigor da regulamentação da Anvisa, que exige a colocação do selo da lupa com o alerta ao consumidor para o alto teor de nutrientes críticos à saúde. Hoje, todos os produtos da empresa estão dentro dos limites estabelecidos pelo órgão de proteção e promoção da saúde pública por meio do controle sanitário dos produtos.

“Desenhamos um modelo de negócio para democratizar o acesso a bebidas saudáveis”, diz Victor Wanderley. Desde então, a partir de uma base produtiva sólida, de uma estrutura de P&D experiente e de parcerias estratégicas, combinamos o melhor da natureza e o melhor da ciência para oferecer bebidas melhores e mais baratas aos clientes, diz o empresário. “Mas sem abrir mão do sabor”.

A julgar pelo estudo da EIT, é o que esperam as novas gerações.